Foi uma luz muito intensa que me cegou de imediato. Fui ao chão. Um manto de folhas macias amparou-me a queda e acolheu-me aconchegante. Tentei falar. Não sei exactamente que palavras tencionava articular. E logo que abri a boca saiu um jorro de borboletas coloridas. O céu encheu-se de riscas em vários tons magenta. Não sei onde estava mas sentia-me confortável.
O primeiro gamo cheirou-me a cara. O segundo tinha olhos de pessoa e sussurrou-me ao ouvido: Queres dançar comigo?
Dançámos, pois logo se transformou num robusto centauro. Que cascos ligeiros ele tinha! Valsávamos que nem duas penas deslizando no vento.
Até que ele chegou. Imponente. Misterioso. Kazuo Ohno, o Homem-Árvore. Estarrecida e quieta permaneci enquanto ele dançava lentamente. Os braços-galhos crescendo para o Sol. Os dedos-folhas absorvendo a luz da vida. Depois encolheu-se muito lentamente até parecer um feto-ouriço, querendo penetrar a terra, e morreu.
Choveram gotas sorridentes que cantavam melodias de celebração. Escorreram-me pelo cabelo e penetraram-me na pele. O Homem-Árvore segredou-me ao ouvido: Queres cantar comigo?
Cantei durante muitas horas numa língua que nunca conhecera. Até sentir chegar o sono. Voltei à minha cama de folhas de todos os tons de verde possíveis e imaginários.
Lutei para não dormir pois nenhum sonho poderia superar aquela fantasia encantadora.
Queria dormir de olhos bem abertos para não deixar voar nada. Não fui capaz e logo cedi ao cansaço.
Foi uma voz grossa e rude que me fez regressar: “ Não se assuste. A senhora acabou de ter um ataque epiléptico. Foi a primeira vez?”
O primeiro gamo cheirou-me a cara. O segundo tinha olhos de pessoa e sussurrou-me ao ouvido: Queres dançar comigo?
Dançámos, pois logo se transformou num robusto centauro. Que cascos ligeiros ele tinha! Valsávamos que nem duas penas deslizando no vento.
Até que ele chegou. Imponente. Misterioso. Kazuo Ohno, o Homem-Árvore. Estarrecida e quieta permaneci enquanto ele dançava lentamente. Os braços-galhos crescendo para o Sol. Os dedos-folhas absorvendo a luz da vida. Depois encolheu-se muito lentamente até parecer um feto-ouriço, querendo penetrar a terra, e morreu.
Choveram gotas sorridentes que cantavam melodias de celebração. Escorreram-me pelo cabelo e penetraram-me na pele. O Homem-Árvore segredou-me ao ouvido: Queres cantar comigo?
Cantei durante muitas horas numa língua que nunca conhecera. Até sentir chegar o sono. Voltei à minha cama de folhas de todos os tons de verde possíveis e imaginários.
Lutei para não dormir pois nenhum sonho poderia superar aquela fantasia encantadora.
Queria dormir de olhos bem abertos para não deixar voar nada. Não fui capaz e logo cedi ao cansaço.
Foi uma voz grossa e rude que me fez regressar: “ Não se assuste. A senhora acabou de ter um ataque epiléptico. Foi a primeira vez?”