"Nefeli" o Quê??

Quando o convite chegou, deixou-me num dilema. Almoçar com a turma do RL no domingo???
Claro que quero almoçar com a turma do RL mas... Almoço de domingo é zona de perigo aqui em casa: tem alguma lei em algum lugar por aqui que já beira a tabu. Almoço de domingo é almoço em família. Para decidir qual, já que eu e o maridão temos pais, irmãos, cunhados, sobrinhos, etc, etc, etc e mais alguns etc, rola disputa séria. E aquela frase “na minha casa ou na sua?” que nos filmes vem cheia de conotações eróticas, no nosso caso é só algo como “qual mãe vamos agradar e qual sogra desagradar hoje?”
Mas decidi e fui. Um almoço com essa turma maravilhosa de recantistas, desta vez com tempo para conversar um pouco e tomar uma geladinha, não é convite que se recuse sem auto-flagelação em posterior constrição.
Valeu cada minuto e até os muitos reais da continha salgada. O encontro teve a presença dos candangos Maria Iaci, Wilson Pereira e seu cunhado Vander Dunguel, Hull de La Fuente e uma adorável intrusa, a paulista de Taubaté, Beatriz Cruz. Por telefone, ainda nos visitaram a Milla Pereira e a Lu Santos.
Trocamos livros e piadas, Vander cantou para nós um sambinha seu que é uma formosura e o Wilson leu um de seus divertidos poemas, propondo uma interação com toda a turma.
A Hull é uma gracinha, cheia de charme e histórias para contar sobre suas muitas viagens pelo mundo. Beatriz é a simpatia em pessoa, carinhosa e gentil. Pena que não more por aqui. E a Iaci, ah! a Iaci. Esta dispensa apresentações, minha prefacista favorita é um poço de cultura, opiniões firmes que ela defende com ternura, ou seja, uma grande companhia para uma tarde regada a chope à beira do Paranoá.
Enfim, sem quebrar garrafa de champanhe, mas com o belo lago logo ali, batizamos nosso barco, cuja tripulação ainda deverá contar com outras personalidades do meio literário-recantista brasiliense. Não vou citar nomes de medo de esquecer alguém. Mas são muitos e todos muito bons!
A partir de agora, somos os Nefelibatas de Brasília. Pode perguntar. Eu também perguntei: nefelibata, radicalmente, é aquele que anda nas nuvens. No contexto geral, trata-se de uma pessoa idealista, que vive fugindo da realidade. Pode também referir-se ao escritor que não obedece as regras literárias. Tirando esta última parte, já que somos todos comportados cumpridores das boas normas na escrita, o nome é perfeito. O poeta é mesmo um andarilho de nuvens, um idealista que pensa ser capaz de mudar o mundo com suas palavras, alguém capaz de criar à sua volta, uma outra realidade que lhe agrada mais.
Mas se tem uma razão mesmo para que esse nome se encaixe como uma luva em mim é porque, no meio dessa turma, sendo tratada como uma igual, eu me sinto mesmo nas nuvens...