A doce arte de envelhecer
Não é fácil nem difícil a mágica arte de envelhecer. Envelhecemos um pouco a cada dia e muitas vezes nem nos damos conta disso. Os cabelos começam a branquear, as marcas do tempo começam a ser visíveis, o corpo, antes forte e vigoroso cede espaço a cansaço, enfim, envelhecemos. As musicas altas começam a nos incomodar , os latidos insistentes de cachorros nos tiram a calma e esbravejamos . Somos restringidos de alimentos e costumes com os quais nos acostumamos por uma vida inteira. Deparamos-nos com situações antes corriqueiras que agora começa a nos intrigar. Nossos filhos, eternas crianças já não querem mais nosso colo, muitas vezes nem mesmo nossa companhia e ficamos tristes com isso. Os amigos são vistos sempre em hospitais ou pior, nos incontáveis velórios e enterros, momentos únicos que os vemos. As visitas a amigos são substituídas por periódicas visitas médicas, muitas coisas nos são ocultadas . Somos o visitante nem sempre ilustre , quando antes éramos os anfitriões de tantas festas. Envelhecemos quando começamos a aceitar muitas coisas com passividade e chocamo-nos com tantas outras corriqueiras. Preparamos-nos a vida toda para sermos pais eternos, e de repente nos vemos na condição de avôs. Nossas formas modificam, as rugas aparecem, e com elas as incontáveis dores. Drinks são substituídos por inúmeros medicamentos, o sono desaparece; assim como a companhia dos parentes e amigos ( já não somos mais agradáveis companhias como antes).
Não envelhecemos quando começamos a acreditar que somos detentores das verdades absolutas , mas quando aceitamos as mudanças que o tempo trás ,e as aceitamos com resignação, por compreendermos que nossos braços não são mais tão fortes quanto antes, que nosso sorriso antes alegre e jovial cede espaço a amarelados dentes e sorrisos tristes . Existem grandes diferenças entre o envelhecer e o ficar velho . Ficamos velhos quando acreditamos sermos os detentores eternos da verdade absoluta , quando não aceitamos ajuda e nem conselhos (afinal, tantos anos e sabemos tudo desta vida). Ficamos velhos todos os dias, pois a célula-mãe que nos gerou também envelhece, mas nem ainda assim temos esse direito.
Antes temos a obrigação intrínseca de apenas envelhecermos, sem nunca ficarmos velhos.