Mulher no volante, perigo constante
Relutei muito em dar este título à minha crônica, um clichê, aliás, muito empregado pelos homens, mas a ocasião foi perfeita para essa chamada.
Era uma tarde de sexta-feira, uma tardinha não muito ensolarada nem muito fria. A rua estava bastante movimentada com transeuntes que se precipitavam em atravessá-la. Na esquina próxima a um restaurante, a confusão era maior, pois havia até fila de espera para se almoçar ( que absurdo! ) Carros parados buzinavam muito, azucrinando nossos ouvidos. Estava aflita, pois tinha hora marcada na dentista, e o trânsito não andava. O meu pé estava firme e minhas mãos trêmulas, ansiosa por chegar ao meu destino. Só mesmo na esperança alcançaria o consultório dentário. Tive ímpetos de pegar o celular e dar um tefonema para a dentista e avisá-la de meu provável atraso. Eis que nesse momento deu-se a melódia. Dois carros colidiram literalmente. Um carro, tipo caminhonete, era dirigido por uma morena mignon, que, muito nervosa, apontava para um caminhão na fila da direita e gritava para o motorista: - Viu, você foi o culpado! Fez sinal para eu passar.
A multidão já começava a se aglomerar em volta da batida, atrapalhando mais ainda o trânsito. Do outro carro saiu uma loira bem vestida e um pouco esnobe dizendo para a morena: - Meu carro é novo. Não sei o que vou dizer ao meu marido. A morena, humildemente e nervosa, dizia-lhe: - Não faz mal, tenho seguro. - Você tem seguro, mas eu tenho marido. Ora, bolas! Eram as palavras da loira esnobe.
A turma do restaurante já se aproximava, perdendo lugar na fila, gritando para as duas: "Encosta, encosta"... Vieram depois os comentários."Vai ver que foi a loira. E burra ainda por cima, não consegue encostar o carro".
A morena, mais calma, ajudou-a a encostar o carro, e a loira caindo do salto, falou-lhe que avistara o motorista do caminhão a acenar e pensou que fosse para que ela passasse.
Loira e morena no meio de uma tormenta chegaram a um consenso." Você não foi culpada nem eu. A culpa é daquele caminhoneiro irresponsável que quis testar nossos conhecimentos ao volante." Podemos não ser espertas, mas que fizemos sucesso, fizemos. Homens bonitos deixaram seus lugares no restaurante e vieram ao nosso socorro. Não fomos culpadas de tanto transtorno, pois o trânsito estava atrapalhado mesmo." Trocaram cartõezinhos e saíram sorridentes. O caminhão seguiu em frente, e seu motorista esboçava um sorriso de sarcasmo. Os garotões riam do fato. E comentavam entre eles mesmos:"- só podia ser coisa de mulher ."
Já eram quase 15 h.; só me restava voltar para casa e aguardar mais alguns dias para iniciar o meu tratamento dentário, isto é, se outras mulheres, essas criaturas imprevisíveis ao volante, não me criarem mais confusão nesse trânsito louco do Rio de Janeiro.
Relutei muito em dar este título à minha crônica, um clichê, aliás, muito empregado pelos homens, mas a ocasião foi perfeita para essa chamada.
Era uma tarde de sexta-feira, uma tardinha não muito ensolarada nem muito fria. A rua estava bastante movimentada com transeuntes que se precipitavam em atravessá-la. Na esquina próxima a um restaurante, a confusão era maior, pois havia até fila de espera para se almoçar ( que absurdo! ) Carros parados buzinavam muito, azucrinando nossos ouvidos. Estava aflita, pois tinha hora marcada na dentista, e o trânsito não andava. O meu pé estava firme e minhas mãos trêmulas, ansiosa por chegar ao meu destino. Só mesmo na esperança alcançaria o consultório dentário. Tive ímpetos de pegar o celular e dar um tefonema para a dentista e avisá-la de meu provável atraso. Eis que nesse momento deu-se a melódia. Dois carros colidiram literalmente. Um carro, tipo caminhonete, era dirigido por uma morena mignon, que, muito nervosa, apontava para um caminhão na fila da direita e gritava para o motorista: - Viu, você foi o culpado! Fez sinal para eu passar.
A multidão já começava a se aglomerar em volta da batida, atrapalhando mais ainda o trânsito. Do outro carro saiu uma loira bem vestida e um pouco esnobe dizendo para a morena: - Meu carro é novo. Não sei o que vou dizer ao meu marido. A morena, humildemente e nervosa, dizia-lhe: - Não faz mal, tenho seguro. - Você tem seguro, mas eu tenho marido. Ora, bolas! Eram as palavras da loira esnobe.
A turma do restaurante já se aproximava, perdendo lugar na fila, gritando para as duas: "Encosta, encosta"... Vieram depois os comentários."Vai ver que foi a loira. E burra ainda por cima, não consegue encostar o carro".
A morena, mais calma, ajudou-a a encostar o carro, e a loira caindo do salto, falou-lhe que avistara o motorista do caminhão a acenar e pensou que fosse para que ela passasse.
Loira e morena no meio de uma tormenta chegaram a um consenso." Você não foi culpada nem eu. A culpa é daquele caminhoneiro irresponsável que quis testar nossos conhecimentos ao volante." Podemos não ser espertas, mas que fizemos sucesso, fizemos. Homens bonitos deixaram seus lugares no restaurante e vieram ao nosso socorro. Não fomos culpadas de tanto transtorno, pois o trânsito estava atrapalhado mesmo." Trocaram cartõezinhos e saíram sorridentes. O caminhão seguiu em frente, e seu motorista esboçava um sorriso de sarcasmo. Os garotões riam do fato. E comentavam entre eles mesmos:"- só podia ser coisa de mulher ."
Já eram quase 15 h.; só me restava voltar para casa e aguardar mais alguns dias para iniciar o meu tratamento dentário, isto é, se outras mulheres, essas criaturas imprevisíveis ao volante, não me criarem mais confusão nesse trânsito louco do Rio de Janeiro.