Quem vê a arte, vê o artista
Várias vezes sentei-me e fiquei olhando para a página em branco tentando escrever este texto. Sentia-me diante de um deserto a ser atravessado com palavras. Andava apreensivo e inseguro para falar sobre o senhor Shunji Nishimura. Pois, se corro o risco de não ser justo ao falar de quem conheço, quanto mais do mito Nishimura. Explico o porque: O mais próximo que estive dele, foi em seu próprio velório.
Buscando idéias, revirei a internet. Quase me perdi entre as mais de 17 mil matérias que encontrei sobre a vida e feitos do senhor Nishimura. Não seria difícil parafrasear uma delas, quase todas bem escritas. Mas não está no meu DNA artifícios deste tipo. Alem disso, a memória do senhor Nishimura é digna de ser honrada por hábeis escritores. Eles são capazes de talhar com palavras a vida como um escultor faz com sua obra.
Mas, “se quem vê o filho, vê o Pai”, como disse Jesus, quem vê a arte, vê o artista. As obras do senhor Shunji Nishimura discursam sobre ele sem ajuda de palavras. Olhar para elas, nos põe mais perto da grandeza que foi este homem de pequena estatura.
Se fizermos um desfile de seus feitos numa avenida, nossas pernas seriam fracas para manter-nos em pé até o final da exibição. Passariam diante de nós milhares de alunos e técnicos. Todos formados na ciência e no caráter por escolas construídas e mantidas por ele. Seguiriam outros milhares de máquinas. Cada uma delas, criadas para ajudar a produzir mais alimentos em quase todo mundo. Guardada pelos filhos, em um grande carro, estaria sua mais cara herança: gratidão, trabalho e honestidade. Encerrando o desfile, haveria uma multidão de pessoas e famílias que desfrutam de suas empreitadas. Uma destas famílias seria a minha, e quem sabe, a sua também.