Fetiches, manias...
Li um texto da querida Lenapena sobre o fetiche dos sapatos (NOSSO FETICHE POR SAPATOS) para muitas mulheres e lembrei-me de algo que aconteceu comigo há alguns anos atrás e que mostra como mulher pensa diferente de homem.
O caso se deu quando eu com seguidas crises alérgicas, resolvi esvaziar meu armário de sapatos no quarto e deixar na dependência de empregada, que fazia as vezes de “quarto da bagunça”. Precisava de um ambiente que não acumulasse tanta poeira e manter os pares sempre limpos estava me dando muito trabalho.
Por esta época eu ainda não tinha Vinícius e tinha uma diarista em dois dias na semana. Num desses dias, meu companheiro estava de folga em casa e resolveu arrumar “o quartinho da bagunça”. Empilhou todas as revista que assinávamos, os jornais já lidos, instalou uma prateleira para ferramentas, outra para produtos de limpeza.
Serviço quase pronto para Márcia, a diarista, limpar, numa instante modulada viu meus sapatos e sandálias empilhadas. Pegou uns sacos de lixo, colocou todos e liberou para moça deixar tudo no contêiner da coleta seletiva.
-“Seu Tom, Dona Edna usa esses sapatos...”
-“Usa nada! Se usasse estariam guardados... pode botar fora...”
Ao meio dia, cheguei para o almoço e Márcia veio me contar o ocorrido: “– Dona Edna, seu Tom me mandou jogar seus sapatos fora...”
- Como é que é, Márcia!
- Pois é... Eu falei que a Senhora ainda usava eles...
Corri para o "quartinho da bagunça", agora um quarto limpo e espaçoso e confirmei a catástrofe. Lívida, pedi a Márcia que voltasse ao Lixo Seco do condomínio... Quem sabe ainda estivessem por lá...
Márcia voltou desolada... Canto mais limpo.
Voltei para a sala e meu companheiro, saía do banheiro todo sorridente.
- Oi, que bom que chegou! Vamos almoçar?
- Como se atreveu a jogar meus sapatos fora?
- Para que você queria aquele monte de velharia?
Furiosa, escancarei o armário do quarto: “- Não era velharia! eram todos os meus sapatos, minhas sandálias! Eu os tirei daqui porque empoeiravam o quarto!
- Eu não sabia, desculpe...
-Porque não me ligou? Porque não me perguntou?
- Você e sua mania de guardar velharia... Achei que eram velhos, que você deixou lá nos fundos para doar, jogar fora, sei lá...
- Eram usados, não velhos!E mesmo que fossem velhos você não deveria jogá-los sem minha permissão!
- Mas porque precisava de tantos sapatos? Contei mais de 40 pares...
Respirei fundo e falei baixo, fuzilando-o com o olhar: “- Denilma Bulhões pode ter 500 (a primeira dama da toalha molhada, lembram?), Claúdia Raia idem, Imelda Marcos chegou a 3.000, eu não posso ter 40?
Ele caiu na gargalhada eu no choro e no riso. Chorava de raiva e ria também, pelo inusitado da situação, ao me dar conta de que agora possuía apenas aquela sandália que calçava e um sapato ainda na caixa, guardado no maleiro.
Meu companheiro ria, tentava me consolar e se desculpar : "- Daqui a pouco você sai e compra tudo novo..."
- Você não entende... ”Aqueles” sapatos tinham história. Eu comprei muitos em viagens, alguns eram presentes, representavam períodos da minha vida...Nos mulheres não só compramos sapatos porque precisamos...
- Não fale assim ou eu vou me sentir culpado... Não fiz para lhe magoar...
- Eu sei, mas saber disso não vai me trazer eles de volta...
.........
No dia seguinte, contei minha “tragicomédia" as minha colegas de trabalho e elas morreram de rir e cada vez que contava a história arrancava gargalhadas. Aos poucos novos sapatos e sandálias foram ocupando meu closed, novas histórias, novos caminhos, novas viagens.
Penso que os homens são bem mais simples no seu modo ser. Não complicam tanto. Compram sapatos de forma prática: definem se é para lazer, para a prática de esportes ou para ocasiões especiais e só. Nós escolhemos para usar com essa ou aquela roupa, essa ou aquela bolsa...
O sapato tem a capacidade de, de algum modo, nos transformar. Fetiche ou não, sinto que em algumas ocasiões, preciso de um salto, como o acessório principal para o que vou vestir. Tenho pés pequenos e gosto deles na maioria das vezes nus, livres.
Fetiche ou não, os sapatos dizem muito da personalidade de quem os calça. Estado de espírito, estilo de vida, modos de ser... Também tenho manias de brincos, mas isso já é outra história...
Li um texto da querida Lenapena sobre o fetiche dos sapatos (NOSSO FETICHE POR SAPATOS) para muitas mulheres e lembrei-me de algo que aconteceu comigo há alguns anos atrás e que mostra como mulher pensa diferente de homem.
O caso se deu quando eu com seguidas crises alérgicas, resolvi esvaziar meu armário de sapatos no quarto e deixar na dependência de empregada, que fazia as vezes de “quarto da bagunça”. Precisava de um ambiente que não acumulasse tanta poeira e manter os pares sempre limpos estava me dando muito trabalho.
Por esta época eu ainda não tinha Vinícius e tinha uma diarista em dois dias na semana. Num desses dias, meu companheiro estava de folga em casa e resolveu arrumar “o quartinho da bagunça”. Empilhou todas as revista que assinávamos, os jornais já lidos, instalou uma prateleira para ferramentas, outra para produtos de limpeza.
Serviço quase pronto para Márcia, a diarista, limpar, numa instante modulada viu meus sapatos e sandálias empilhadas. Pegou uns sacos de lixo, colocou todos e liberou para moça deixar tudo no contêiner da coleta seletiva.
-“Seu Tom, Dona Edna usa esses sapatos...”
-“Usa nada! Se usasse estariam guardados... pode botar fora...”
Ao meio dia, cheguei para o almoço e Márcia veio me contar o ocorrido: “– Dona Edna, seu Tom me mandou jogar seus sapatos fora...”
- Como é que é, Márcia!
- Pois é... Eu falei que a Senhora ainda usava eles...
Corri para o "quartinho da bagunça", agora um quarto limpo e espaçoso e confirmei a catástrofe. Lívida, pedi a Márcia que voltasse ao Lixo Seco do condomínio... Quem sabe ainda estivessem por lá...
Márcia voltou desolada... Canto mais limpo.
Voltei para a sala e meu companheiro, saía do banheiro todo sorridente.
- Oi, que bom que chegou! Vamos almoçar?
- Como se atreveu a jogar meus sapatos fora?
- Para que você queria aquele monte de velharia?
Furiosa, escancarei o armário do quarto: “- Não era velharia! eram todos os meus sapatos, minhas sandálias! Eu os tirei daqui porque empoeiravam o quarto!
- Eu não sabia, desculpe...
-Porque não me ligou? Porque não me perguntou?
- Você e sua mania de guardar velharia... Achei que eram velhos, que você deixou lá nos fundos para doar, jogar fora, sei lá...
- Eram usados, não velhos!E mesmo que fossem velhos você não deveria jogá-los sem minha permissão!
- Mas porque precisava de tantos sapatos? Contei mais de 40 pares...
Respirei fundo e falei baixo, fuzilando-o com o olhar: “- Denilma Bulhões pode ter 500 (a primeira dama da toalha molhada, lembram?), Claúdia Raia idem, Imelda Marcos chegou a 3.000, eu não posso ter 40?
Ele caiu na gargalhada eu no choro e no riso. Chorava de raiva e ria também, pelo inusitado da situação, ao me dar conta de que agora possuía apenas aquela sandália que calçava e um sapato ainda na caixa, guardado no maleiro.
Meu companheiro ria, tentava me consolar e se desculpar : "- Daqui a pouco você sai e compra tudo novo..."
- Você não entende... ”Aqueles” sapatos tinham história. Eu comprei muitos em viagens, alguns eram presentes, representavam períodos da minha vida...Nos mulheres não só compramos sapatos porque precisamos...
- Não fale assim ou eu vou me sentir culpado... Não fiz para lhe magoar...
- Eu sei, mas saber disso não vai me trazer eles de volta...
.........
No dia seguinte, contei minha “tragicomédia" as minha colegas de trabalho e elas morreram de rir e cada vez que contava a história arrancava gargalhadas. Aos poucos novos sapatos e sandálias foram ocupando meu closed, novas histórias, novos caminhos, novas viagens.
Penso que os homens são bem mais simples no seu modo ser. Não complicam tanto. Compram sapatos de forma prática: definem se é para lazer, para a prática de esportes ou para ocasiões especiais e só. Nós escolhemos para usar com essa ou aquela roupa, essa ou aquela bolsa...
O sapato tem a capacidade de, de algum modo, nos transformar. Fetiche ou não, sinto que em algumas ocasiões, preciso de um salto, como o acessório principal para o que vou vestir. Tenho pés pequenos e gosto deles na maioria das vezes nus, livres.
Fetiche ou não, os sapatos dizem muito da personalidade de quem os calça. Estado de espírito, estilo de vida, modos de ser... Também tenho manias de brincos, mas isso já é outra história...