Respeitando o “Jishoi”
Muitas situações de conflito, sejam familiares, sociais ou até internacionais, têm origem no desrespeito ou no mau uso do “Jishoi”, uma palavra de cunho japonês, cujo significado é de uma amplitude extraordinária, a ponto de, quando mal interpretada, pode derrubar personalidades em destaque e até governantes, quando no caso de países sérios e politizados. Basicamente, Jishoi é a união das palavras: Tempo, Lugar e Posição, ou seja, para que ela represente uma perfeita harmonia é importante que haja um grande cuidado de se equilibrar os significados dos três vocábulos em português, pois, em não se respeitar ou em não se usar de bom senso ao se agir conforme as situações que se apresentem, muitas situações desastrosas podem ser desencadeadas.
Qualquer um de nós sempre irá se encontrar, em um determinado tempo presente, ou então em um período de tempo mais ou menos longo, ocupando um lugar estático ou mesmo em movimento, exercendo uma função qualquer, que vai equivaler à sua posição de responsabilidade, muitas vezes de acordo com uma hierarquia pré-estabelecida ou casual. Vamos exemplificar: no Brasil (lugar), o Presidente da República (posição) tem um mandato de quatro anos (tempo), eleito de acordo com a vontade da maioria do povo eleitor, pela força do voto direto. Outros exemplos: o professor (posição), na escola (lugar), poderá ministrar várias horas de aulas ao dia (tempo); o motorista de ônibus (posição), dentro do veículo (lugar) poderá trabalhar oito horas por dia (tempo); esse mesmo motorista, na posição de chefe de família, em seu lar, estará à disposição de seus familiares por um período de tempo indefinido, enquanto necessário.
O Jishoi deve ser exercido pelo agente com a máxima responsabilidade e consciência, para merecer a manutenção do perfeito equilíbrio entre ele, a sua posição, o tempo despendido e o respeito ao local determinado; só assim os eventos irão seguir sua rota de harmonia e de utilidade. Se considerarmos, por exemplo, uma mulher do lar que, outorgada pela sua igreja como ministra responsável por uma unidade religiosa, estiver exercendo as suas funções familiares, será apenas esposa e mãe, ao passo que, na igreja, a sua responsabilidade deve ser respeitada dentro de uma hierarquia, até pelo seu próprio marido – isso por quê? Simplesmente porque o seu Jishoi no lar é diferente do na igreja, cuja posição exige atitudes que irão influenciar outras pessoas, que não as da sua família, ou seja, dentro da unidade, a sua função será a de administrar os eventos burocráticos, eclesiásticos e espirituais, de acordo com o seu encargo de responsável, sempre cuidando de servir como exemplo vivo de fé para os fiéis, o tempo todo, em quaisquer circunstâncias.
A não observância correta do Jishoi, principalmente por um alto mandatário político, cria mal-estar em um povo elitizado, porque esse chefe de estado passa a demonstrar o desconhecimento de qual deva ser sua postura e seu discurso, principalmente quando ele não esteja preparado culturalmente e, com isso, vir a transmitir palavreado incoerente, promessas que não serão cumpridas, contradições com seus discursos pré-eleitorais, ou então acusações injuriosas contra oposicionistas; isso ainda quando não dispara a falar asnices e impropérios. Essas atitudes não condizem com a posição de um estadista que, no caso, deveria ter o bom senso e a humildade suficientes para se cercar de assessores capazes de orientá-lo em suas ações, para que o Jishoi de presidente não fosse manchado e definitivamente desrespeitado pelas pessoas devidamente politizadas, que, muitas vezes, reagem com chacotas desmoralizantes, muito bem fundamentadas, expondo ao ridículo a posição do mandatário do país.
Todo político apedeuta deveria usar muito o bom senso, evitando ao máximo expor-se em público, para não “dar bandeira” da própria insuficiência cultural e intelectual, o que denigre o Jishoi de alto mandatário; em outras palavras, qualquer dirigente de nação precisa estar capacitado para assumir sua posição, de acordo com o tempo de mandato e dentro do território sob sua jurisdição, caso contrário, nós, brasileiros coerentes, sabemos o que acontece!