Armas letais em mãos indevidas
Não sou psicólogo, nem pedagogo, tampouco sociólogo. Mas tenho lido obras importantes sobre o comportamento humano, principalmente no que diz respeito à “Inteligência Emocional”, tema trazido à tona a partir do autor Daniel Goleman, Psicólogo, PhD pela Universidade de Harvard. Ele diz que “a incapacidade de lidar com as próprias emoções pode destruir vidas, acabar com carreiras promissoras.” Acho que a síntese de sua obra está na frase: “Para o melhor e o pior, a inteligência não dá em nada, quando as emoções dominam.”.
Vivemos hoje numa sociedade emocionalmente doente, ocasionando todo tipo de violência e não estamos devidamente preparados para combatê-la. Enganamo-nos quando achamos que cabe à polícia o papel do combate à violência, colocando uma arma em sua mão. Estaria o policial ou propriamente o homem devidamente preparado emocionalmente para usá-la corretamente?
E o que mais nos assusta são os chamados “seguranças particulares”, talvez ainda menos preparados do que a polícia, em razão das circunstâncias dos seus contratantes, ao desejarem suprir a carência do poder público. Um curso de pequena duração e eis que já se acham com poder de autoridade para portar uma arma. E, muitas vezes, recebem ordens para “combater a violência, usando uma violência maior.” Desprovidos de controle emocional, reagem impulsivamente, podendo atingir qualquer pessoa inocente que esteja em volta. E o que deveria ser segurança passa a ser uma ameaça.
Necessário se faz que o tema seja estudado com maior profundidade, investindo na maior preparação psicológica do homem a quem é confiado o uso de uma arma mortífera. Ela não deve ser usada para descarregar frustrações de quem não galgou posição melhor no contexto social. Quem optou por essa missão deve sentir-se digno dela para que possa ser útil à sociedade. Que haja a devida preparação por quem de direito e dever para que o profissional possa considerar-se capaz de exercer o seu mister.