A cara de "Durão" do Dunga
Um grande cronista de um certo jornal do Rio de Janeiro escreve para nos dizer que não torcerá para a seleção do Brasil, ou melhor, não torcerá para a seleção do Dunga. E explica o porquê. Simplesmente, tem horror à cara do Dunga, não propriamente ao aspecto físico, mas sim à expressão do rosto, com gestos marciais, hostis, e as palavras de ordem que ele transmite. O citado cronista vê até hostilidade nas rugas da longa testa do nosso treinador. E, como querendo confirmar o que está falando, cita o caso do Presidente Collor, com aquela sua palavra “esbugalhada”, provando, mais tarde, ser um impostor, um lunático. Confesso, desde logo, que, a respeito do ex-Presidente Collor, tive a mesma impressão desagradável e vaticinei à época: “esse é louco de pedra”. Claro, não votei no conturbadíssimo candidato, pois enxerguei o “interior” do cara. Mas não vejo isso no nosso Dunga, pelo contrário, ele nos transmite racionalidade, coerência, amor a seu país, com aquele típico jeitão gaúcho. A virilidade dos maneirismos dele não significam descontrole e, portanto, não há como traçar esse paralelo com o então perturbadíssimo Collor.
É preciso fazer a apreciação correta, sem esquecer do contexto que estamos vivendo. Perdemos a última Copa justamente porque abandonamos a disciplina, a seriedade nos jogos e, principalmente, o coração de bons brasileiros. Nos entregamos aos franceses, naquele lamentável jogo, antes mesmo do jogo começar. Na entrada para o gramado, os jogadores brasileiros só faltaram beijar os pés dos franceses, em uma subserviência aos europeus, que não se via mais desde 1938, quando perdemos aquela Copa, com um grande time, exatamente porque nos sentíamos inferiores ao resto do mundo. Era o famoso complexo de “vira-lata” que possuíamos. Na Copa de 2006 se via claramente na expressão dos rostos dos brasileiros o deslumbramento dos “rios de dinheiro” que nossos jogadores, todos radicados na Europa, estavam ganhando. O rosto de deslumbramento do Ronaldinho, o igualmente gaúcho, era flagrante, no momento da entrada em campo. Lembro-me que fiquei “gelado”, ao ver essa cena deprimente. Entraram no jogo inibidos pelo fausto da Europa e os franceses, velhos de guerra, napoleonicamente, se aproveitaram disso e estão nos “gozando” até hoje.
A história costuma se repetir: em 1970, depois do fiasco da Copa de 1966, na Inglaterra, onde apanhamos até fisicamente de nossos adversários, tendo o nosso Pelé sido quase inutilizado para o futebol pelos portugueses, fomos buscar a valentia de João Saldanha, que, de imediato, passou a chamar os jogadores da seleção “canarinha” de feras! Por questões políticas, o Saldanha foi substituído pelo eterno Zagallo, que soube aproveitar todo o time escalado pelo também gaúcho Saldanha, mantendo a mística dos “jogadores-feras”. E o Brasil trouxe definitivamente o caneco da Copa do Mundo para o Brasil, por três vezes Campeão. Poderemos até perder essa Copa da África do Sul, porque se trata de um jogo, mas jamais pela presença do Dunga. Dentro do contexto atual, muito parecido com o de 1970, o Dunga tem mais é que manter suas palavras de ordem, com cara de “Durão”, pois o futebol não deixa de ser uma “guerra”. E necessitamos, sim, ter no comando o nosso Júlio de Castilhos, com sua ênfase na ordem, disciplina e progresso. Queriam o quê? Que o nosso gaúcho voltasse aos tempos do “Boi Barroso” ou da “Prenda Minha”? Não, o Dunga está certo em reencarnar o autêntico gaúcho, falando à moda galponeira! Embora saibamos todos, pois a vida dele já mostrou isso, por trás da aparência “dura” se esconde um doce coração de um brasileiro que ama sua pátria e, que se tudo transcorrer dentro da normalidade do esporte, trará para nós mais esse título, conquistando também o continente africano, o último dos continentes a ser conquistado pelo Brasil de todos os brasileiros, do Amazonas até o Rio Grande do Sul, TCHÊ!!!