CHUVEIRO NO QUARTO

Outro dia falei da Casa do Brasil na França, e alguém comentou que gostaria de visitá-la. Ela fica na Cidade Universitária de Paris, é só pegar o metrô na estação St. Michel, direção Robinson e descer na estação Cité Universitaire. Em local bonito e ela é um tanto diferente das nossas. Seu verdadeiro nome é Cité Internationale Universitaire de Paris, mas os estudantes franceses a chamam de ‘Cité U.’ Ela fica num enorme parque e ali não há escolas, só residências no meio de jardins e inúmeras quadras esportivas. As faculdades da Universidade de Paris estão quase todas concentradas no Quartier Latin, onde fica a famosa e antiquíssima Sorbonne, mas algumas se espalham pela cidade.

Sua história começou no início dos anos 20, época em que havia muita dificuldade para alojar estudantes que vinham de várias partes do mundo para estudar em Paris. Então um rico industrial francês resolveu criar uma obra social em homenagem à sua esposa e pensou nesta ‘cidade para estudantes’. Em 1925 abriu a primeira Casa da Cité, a Fundação Émile e Louise Deutsch de La Meurthe. Com o passar dos anos outras Casas foram criadas: Casa da Suíça, Casa dos Estados Unidos, da Tunísia, do Brasil, do Marrocos, de Portugal, do Japão, do Líbano e outras que não lembro agora. Todas elas devem reservar uma porcentagem de suas vagas para estudantes de outras nacionalidades. Logo à entrada, a Maison Internationale, abriga teatros, bibliotecas, restaurantes, agências de bancos, agência do correio, etc. Em outras palavras, na Cité U circulam estudantes do mundo todo.

A temporada que lá passei foi interessante por vários motivos. Primeiro, por ser um lugar bonito e agradável. Depois, por causa da convivência com pessoas de outras nacionalidades, o que abre nossos horizontes. Ainda mais quando se é jovem e tudo é divertido, as amizades feitas com facilidade e naturalidade são pra lá de enriquecedoras. Companhia nunca faltava, fosse na hora das refeições de bandejão ou nas festas promovidas em uma ou outra Casa.

Além disso, quem vivia na Casa do Brasil, cercado de patrícios e falando português, sentia-se mais aconchegado e seguro longe do país. E ainda tínhamos de quebra alguns luxinhos, raríssimos em terras gaulesas. Elevador no prédio - deixando as escadarias só para o metrô e a escola – e algo que muito nos alegrava: chuveiro nos quartos, com box e tudo. Podíamos tomar banho todos os dias!