Um artista iluminado.
Abram-se as cortinas, escancarem as portas, abaixem os vidros, ilumine o picadeiro central, esta registrado o “Registro Civil de Nascimento”, e começa a vida. No primeiro momento ou pela mão do médico ou pela pressão da chegada ao mundo terreno, o choro. Ato da emoção, tristeza, alegria do espetáculo da máquina humana, e é bom já ir se acostumando, pois vai ser “o choro” companheiro eterno enquanto houver vida pelas estradas deste mundo. Interessante esta certeza, que por mais que tenhamos num ser humano, dureza no coração, em algum momento, vai derramar lágrimas em conseqüência de um choro lápidado. Lágrimas, resíduo do corpo humano excretado ao mundo externo, seu teor tangível, sabor meio salgado; seu teor intangível, as vezes doce as vezes amargo. Pelo ato da emoção que expressa tal reação, deixará de alguma forma, sequelas no corpo intrínseco e marcas no corpo extrínseco, nos muitos movimentos de rotação e translação que esta bola cheia de terra e água executa, vão-se somado aos choros e as lágrimas equações matemáticas da vida, onde numa cadeia de teoremas, sempre usando apenas as operações de soma e multiplicação a contagem em busca do horizonte futuro é mais um ato repleto de certezas, mas, entre operações interpostas por parênteses e colchetes, a matemática da vida não permite a ausência das operações de divisão e a subtração, e assim, vai a vida em busca da ciência, alimentada pela química, biologia, física e outras aulas mais, noites são criadas no fim das tardes e estas na ausência dos dias. Às vezes são pulos, outras são saltos, como num calendário futuro de expectativa de evento mundial, aproxima-se o choro final, criado pelo ente em seu fim, no semblante dos que ficam, e ai registra-se o último ato “Registro Civil de Óbto”.
Onofre Junior – Um sonhador