Entre encontros e desencontros

O bar estava cheio de pessoas perdidas. Cada uma tentando se encontrar em outros sorrisos, outras bocas, nos caminhos dos outros sem ao menos darem-se conta que os caminhos de alguém são mais perdidos que os próprios. Somos cientes de nosso desencontro, mas é impossível encontrar-se nos caminhos de mais alguém.

Em meio a esse turbilhão de encontros desencontrados, alguém preferia perder-se dentro de si. A garota no bar, com um copo na mão, austeridade no cenho e uma mensagem na testa.

Ali, no canto do bar, ninguém a enxergava. Parecia ter uma aura intocável que gritava: "Eu já encontrei!" Mas não era verdade. Era alguém perdida que não queria encontrar os caminhos errados de mais ninguém, queria apenas saber qual era o seu.

A música invadia o local e ninguém mais, além dela, parecia ouvir. Os perdidos não conseguem concentrar todos seus sentidos em um só alvo. Ela conseguia. Enquanto todos cantavam "I will try to fix you", ela tentava to fix herself.

Mas de repente tudo foi ficando mais turvo, de uma cor azulada que ela não saberia identificar. As pernas fraquejaram, o chão se abriu e ela caiu. Caiu em si. Desabou na verdade de seus desencontros e se perdeu. Ali, sozinha, como se ninguém mais pudesse vê-la, ela se conformou.

As pegadas deixadas pelo chão não caberiam nas solas de outros pés.