Geração cinquenta
Encontrei em João Pessoa com dois amigos de Itabaiana, companheiros de minha geração, os ilustres advogados Jurandir Pereira e Joacir Avelino. A dupla J&J lembrou os bons tempos de nossa mocidade na terra de Chico do Doce e Arlinda Verdureira, na época em que a gente era mais paraibano do que hoje. Explico: na bandeira da Paraíba tem escrito a palavra NEGO; quando éramos jovens, a palavra de ordem era “nego peremptoriamente”. Fomos esquerdistas, farristas, anarquistas, petistas e lulistas. Acabamos na mesma decepção política, mas o gosto pela cerveja ainda persiste, apesar das barrigas e das altas taxas de colesterol.
Foi de Jurandir a ideia de juntar a rapaziada de nossa geração que anda espalhada pelas quebradas do mundaréu. Isso no final do ano, na “caliente” cidade de Itabaiana. Para animar a festa, serão convocados o maestro Luiz Carlos Otávio e o compositor Adeildo Vieira. Joacir vem de Maceió, onde mora. Ele garantiu que convidará David do Monte, habitante das lonjuras do oeste brasileiro. A parte humorística ficará a cargo de Biu Penca Preta e Agnaldo Pabulagem, tendo como cortina a voz poderosa de Chiquinho do Banco.
Jurandir responsabilizou-se pelo contato com Jocemir Paulino, Valdemir Enxuto, Zé Ramos, Careca dos Correios, Sanderli, Roberto Palhano, Gilberto de Mário, Eudes, Dr. Dedé, Brasinha, Boró, Lenildo Correia, Carlos Lucena irmão de Beto de Zé de Paulo, Rubinho de Zé Crente, Clóvis Almeida, Capão, Erasmo Souto, Aracílio Munganga e outros conterrâneos que moram fora da “Rainha do Vale”. Não sendo esse convescote um “clube do Bolinha”, convocadas serão as deusas e musas do rol de Orlando Otávio, quais sejam a galega Zoraida, a extrovertida Nenega, Zélia de Manoel Inês, Rosa de Zé do Pão, a danada e deslumbrante menina Nega Fita, Gorete irmã de Getúlio maquinista e outras de uma lista comprida feito um dia de fome.
Eu convido Djanete Meneses, as professoras Irene Marinheiro, Jandira Lucena, Fatinha, Telma Lopes e Rose, com Palmira Palhano na direção artística. Sem esquecer o poeta Eliel José Francisco, que vem do Recife declamando seus lindos poemas de amor à terra natal.
Como estamos voando celeremente rumo aos braços da velha “Caetana”, é hora de estreitar os laços com os contemporâneos, aproximar os amigos que a gente não vê faz séculos, bebemorar o fato de estarmos vivos, lembrar as delícias da juventude, conferir como cada um tá vivendo, confessar nossos planos e desejos para o futuro próximo, que nós, da geração 50, ainda temos algum futuro, quero crer.
Alguns critérios serão adotados para esta reunião histórica. Por questão de bom senso, evitaremos comentar alteração biológica do estado de saúde própria ou dos outros. Nada de falar de doença, assunto preferencial de 8 em cada 10 sujeitos da meia-idade. Por questão de sobrevivência, esqueceremos nossos recordes alcoólicos de tempos idos. Beber com moderação para chegar ao fim da reunião. Política, só pode falar genericamente, sem chegar aos finalmentes locais, para não ferir suscetibilidades de terceiros. Na parte artística musical, proibido tocar forró de plástico, falso sertanejo e pagode.
Luiz Paraíba vai declamar Zé da Luz, Jacinto Araújo tocará canções baseadas na poesia do irmão de Bastos de Andrade, Idalmo dramatizará trechos de Augusto dos Anjos, Erasmo Souto contará piadas dos seus livros, Zorah Lira cantará antigas e belas canções de amor. Enfim, será uma noite para recordar o que de melhor tivemos ou fizemos, sonhos e planos de vida de uma geração de ouro. E congregar fraternalmente elementos de um círculo de amizade com grandes espíritos iluminados.
Não percam, vai ser o must! A balada dos anos cinquenta que abalará os alicerces sociais de Itabaiana.
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