Sábado - Dia de Visita.
 
Foi muito triste o que vi no último sábado. Saí para comprar frutas e na volta parei numa lanchonete para comer dois pães de queijo e tomar um refrigerante. Eram onze horas. Reparei que chegou um senhor, com cara de quem já havia bebido, e carregava uma menina no colo. Ela deveria ter quase dois anos. Fiquei a prestar atenção no que acontecia, saboreando meus pães.

Ele a colocou numa cadeira que fica na parte externa da lanchonete. Foi até o balcão e pediu uma pinga, uma lata de cerveja e uma de refrigerante. Tomou a pinga num gole, e se endereçou à mesa externa, onde a filha ficou à sua espera. Abriu a lata do refrigerante, colocou um canudinho e deu à menina. Abriu a sua lata de cerveja e se pôs a bebê-la.

Após uns dez minutos, a menina pediu bala ao pai. Sem conversar uma vez sequer com a sua filha, ele voltou ao balcão, pediu outra pinga que tomou também num trago só, pediu um punhado de balas e outra cerveja. Já na mesa, deu as balas à menina e abriu a outra lata de cerveja para se servir.

A menina muito quieta se deliciava com as guloseimas. Depois de mais uns quinze minutos sem nenhuma conversa entre eles, o pai foi até o balcão pediu a derradeira pinga para beber e pagou tudo. Desceu a menina da cadeira, mas ela somente andou uns metros e quis voltar ao seu colo. Ele a pegou nos braços e saiu cambaleando.

O Juiz da Vara da Família determina que se cumpra o que diz a lei, que o pai, separado de sua companheira,  quinzenalmente, visite o filho, ou nesse dia o leve para passear. - Ele estava cumprindo sua obrigação.

Aos sábados é comum ver pai com filho passeando, almoçando, e coisas assim. Eu pedi outro refrigerante e, sem palavras, fiquei a pensar no que havia presenciado.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 02/06/2010
Reeditado em 28/03/2017
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