O CRAVO BRIGOU COM A ROSA....

Dias desses assisti uma cena de tirar o fôlego.

Por um fato que podia ter sido resolvido com diálogo educado e equilibrado.

Eu estava em frente ao hospital onde presto trabalho voluntário.

Já havia terminado meu turno e esperava por minha motorista predileta: minha filha.

De lá iamos almoçar. Não é o tema dessa crônica, mas tenho que contar, que delicia almoçar com a filha. Tanto papo bom, ainda escrevo sobre isso.

Mas voltando ao fato, estava eu ali apreciando o movimento intenso dos carros por aquela rua de São Paulo.

Quando de repente, um carro freou fazendo ruído alto, e mesmo assim nao conseguiu evitar a batida.

E isso começou um grande barulho, esse maior que o som da batida dos carros.

Foi uma mulher que não conseguindo brecar a tempo o veículo que conduzia, bateu de leve na traseira do carro de um senhor, que havia diminuido a velocidade devido ao semáforo que fechou.

Nossa o homem em questão, saiu do seu veículo feito um touro bravo, soltava fogo pelas ventas, como diziam os antigos.

E foi logo dizendo para a motorista: "Olha ai dona Maria (sempre as Marias levam toda fama) vai pilotar o fogão de casa que ganha mais, porque isso ai vai lhe custar bem caro"

Eu estava boquiaberta, com tamanha falta de educação desse Senhor.

A motorista assustada pela batida, ficou mais ainda com a reação violenta daquele homem, e só foi capaz de dizer a ele que estava chegando ao hospital, era médica e tinha uma cirurgia agendada, para dali a menos de uma hora.

Ele nem sequer a ouviu, continuou a recitar um colar de impropérios os quais sempre terminavam fazendo referência ao seu valioso carro. Que ela teve a ousadia de levemente amassar a traseira.

Bom, nao fosse a educação e ética da referida Senhora.

E creio que a contenda chegaria as vias de fato.

Mas ela procurou nao perder o equilibrio, e se via que lutava muito para se controlar.

E deu a ele toda informação para que se utilizasse do seguro que possuía.

Um viatura de polícia apareceu, saida nao sei de onde, pois a cidade esta carente delas.

Eu creio que o anjo da guarda da criança que ia ser operada pela médica, deve ter feito esses guardas surgirem naquela rua.

E o caso foi resolvido, mas foi preciso que os policiais usassem de firmeza para conter o digníssimo senhor, que continuava gritando verdadeiras barbaridades.

Usando o mesmo tom de voz do desequilibrado motorista os policiais exigiram que ele se acalmasse.

A médica passou por mim para entrar no hospital, e suas mãos estavam tremulas e o rosto pálido, diante do ocorrido.

E pensei ela terá que operar uma criança daqui a pouco.

Tomara que recupere o equilibrio necessário para tanto.

E naquele momento a cantiga de roda me veio a mente, e me inspirou essa crônica.

"O cravo brigou com a rosa, debaixo daquela escada, o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada...."

Foi assim, que acredito tenha saído dali a pobre Doutora, feito a rosa despedaçada com a falta de educação daquele senhor.

Já ele também com toda certeza saiu ferido feito o cravo, pois ninguém fica em estado de tamanha fúria, sem se ferir por dentro.

Pensei esse senhor devia ter brincado mais de roda e aprendido essa linda cantiga.

Ai talvez se lembrasse que de uma briga, ninguém sai ileso e muito menos ganha nada.

Lenapena
Enviado por Lenapena em 02/06/2010
Reeditado em 14/04/2011
Código do texto: T2294801