UM ENCONTRO COM A POETA. UM ENCONTRO COM A AMIGA
 
 
 

Um encontro com a poeta. Um encontro com a amiga.. Não sei se ela falava pra si, ou falava para  que eu ouvisse, não sei... Só sei que sussurrava audível.    Não estávamos em nenhuma mesa de bar ; não se ouvia como fundo musical Billie Holiday  interpretando Good Morning Heartache, que a escritora francesa Françoise Sagan utilizou como título de seu primeiro romance Bonjour Tritesse; nem tampouco existia sobre a mesa nenhum Cheval Blanc 1947, para ser consumido. Apenas uma conversa Tetê-à-tête (in intamate privacy).
 
Indagava a poeta o que seria das almas insones e inquietas se não fosse a ilusão. Então perguntei: Por que a necessidade da ilusão? O relógio é cruel, o tempo pesa?  A manhã não vem? E ela me responde: Não sabes que , a  espera tardia , que é infame, traz a decepção aos acordados? E acrescentou: enquanto os dormentes se alegram pela vontade de existir. Peço explicação: e o que significa essa vontade de existir dos dormentes? O que significa? Ora, pois, respondeu-me: simplesmente, por não  enxergarem o precipício, não há susto, mesmo que os seus pés estejam escorregadios. Deixam-se levar por uma pequena fantasia como uma fração de sonho. Agora me responda, e você poeta, quem és? Eu? Apenas um gigantesco sentimento vagando sem peito para ter parada, porto sem chegada, na certeza que a ilusão zomba e eu me perco entre a realidade e o sonho de felicidade. Foi a resposta..
 
A poeta  calou...Sorrimos, nos abraçamos e  por algum tempo fiquei observando aquela figura bela  de mulher... para dizer: vai, mas que fique a poeta e siga a mulher, pois quem te ama  te espera...
 
 
 
(texto baseado num outro da poeta Yasmine Lemos, que leva o título de “Ilusão”)
 
 
I
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 02/06/2010
Reeditado em 02/06/2010
Código do texto: T2294684
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