QUAL É O PREÇO?

QUAL É O PREÇO?

Foi caro. Mas como caro? Caro é aquilo que não se paga. Como disse Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Afinal, você não espera que as coisas venham eternamente de graça.

Quando usufruímos de algum produto ou serviço, temos um preço a pagar. Alto ou não, isto é subjetivo. E se não questionamos antes, depois não é o caso de fazê-lo. Podemos nos arrepender, mas apenas isso. Deixar de pagar? Além de ilegal, nem sempre esta opção se encontra ao nosso dispor. A cobrança vem inexorável, cruel, impiedosa e pontual. E, muitas vezes, em suaves prestações. O que é pior, pois, exatamente por serem suaves, tornam-se eternas. Pagar a vida inteira por algo momentâneo?

É inegável que um prazer momentâneo não compensa a perda dos nossos maiores sonhos... Será este o preço? Perder o direito às expectativas, aos planos mais ousados?

Mas é aí que reside o que há de mais belo no ser humano: a sua porção Fênix. Ressurgir do nada, do abismo... Com mais força que antes, pois agora a alma é maior, uma vez que se aprende muito, no convívio com pessoas em situações semelhantes. Mas principalmente no convívio com os familiares, fundamental. Nem é preciso citar os amigos (sem o pleonástico adjetivo “verdadeiros”, pois, se assim não o forem, também não são amigos).

Capítulo especial, inteirinho, merecem os profissionais que nos auxiliam. Também sem o desnecessário “verdadeiros”. Competência, solidariedade, carinho, confiança, respeito... aliás, mútuos. Tudo isso incute uma força enorme, mas também enorme se torna a responsabilidade de não falhar, de retribuir, com o sucesso, tanto desvelo! Vê-los se embriagarem de alegria com a nossa recuperação talvez seja mais gratificante que a própria. É mais um preço que se paga. Se bem que esta dívida é com os outros, mas, sobretudo, conosco mesmos. O resgate dela trará mais benefícios ao devedor que aos outros.

Não vou dizer que o preço não é alto; é sim. Mas não é caro, pois o objetivo é maior. Aliás, paga-se, todo dia, o dia todo. Então, não mudou a dívida; mudou – e muito – a alegria em quitá-la.

29/06/05

Pabinha
Enviado por Pabinha em 31/08/2006
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