A VIDA DAS PALAVRAS

Por este paradigma colocaria muitas coisas no papel, mas pensando bem seria justificável trabalhar: as palavras sem a vida ou a vida das palavras?

Poderia ficar num eterno brincar de jogo de palavras a completar os espaços em branco que aqui restam, como aquele aluno que pergunta: Quantas linhas, professor? Trinta, quarenta, cinqüenta ou sessenta – e lá vai o aluno procurando dar vida às palavras. Um eterno teimar entre a vida e a morte, mas a morte e a vida das palavras, pois estas têm poder de criar, de recriar, de imortalizar, de satirizar, de construir, de destruir, de matar... de matar um coração humano.

O eterno jogo de poder que elas exercem sobre os cidadãos é tão forte quanto maior for a cultura destes cidadãos que as tomam emprestadas. Emprestadas? Do bisavô, que passou para o avô, que passou para o pai, que passou para o filho e que este passará para as próximas gerações num constante fugidio. Jamais param no tempo. É como o vento que nunca se sabe de onde vem e para onde vai – assim as palavras.

Correndo daqui para ali, e de lá para cá, as palavras escorregam nos lábios do prosador, do contador de história, da poetisa debruçada na janela ao clarão da lua; escorrega das mãos do poeta-escritor, do contista, do autor de romances e de novelas, do jornalista; escorrega nos palcos da vida: teatro, cinema, filmes... escorregam e vão criando imagem, vão criando vida, vão criando asas em cada mente humana. Asas da imaginação que só o homem pode ter. Só o homem!

Imaginação que cada mente humana cria a partir da palavra. Da palavra escrita, da palavra encenada, da palavra cantada, da palavra murmurada, da palavra sussurrada ao pé do ouvido de corações apaixonados; ou, de palavras a plenos pulmões – como dos políticos em época de campanha! A imaginação só se dá ao passo de termos consciência do poder que as palavras possuem. Cada palavra adquirida, uma nova imaginação pode se ter.

A cada nova imaginação adquirida, incorpora-se junto uma nova fragrância: a magia. Esta, por sua vez, faz de cada momento um encanto. De cada encanto uma magia. Uma troca constante do amor e do ódio; da alegria e da tristeza; da paz e da guerra; do melhor de cada um e do pior de cada um. Uma constante que só as palavras podem trazer. Um subir e descer que faz o homem se expressar. Elas exercem um grande poder sobre o homem: o poder da expressão.

O poder da expressão: expressar bem ou mal. Expressar-se bem por satisfação pessoal; pelo bem de um bairro, pelo bem de uma cidade, pelo bem de um estado ou país. E por que não para salvar o planeta Terra? Tal poder de expressão pode modificar muitas coisas, inclusive as mais famosas insinuações. Pelo mal, desde a insatisfação pessoal até o mais alto escândalo possível – ou, imaginário.

Assim, as palavras criam um imaginário tão poderoso que aos menos avisados lhe faltam dar vida; aos mais sábios são conselhos vivos e os mais astutos são primícias de convencimento, de argumentação. Isto é a vida das palavras!

Prof Pece
Enviado por Prof Pece em 31/08/2006
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