Aqui estamos
Aqui estamos
E os Amigos de Gaza fizeram uma doce surpresa às embarcações. No Grande Manicômio as ações se repetem com o rigor mecânico existente entre o martelo e o prego. As autoridades dos Amigos de Gaza só liberam a jornalista italiana, casada com um brasileiro, se ela assinar um termo dizendo-se envolvida num ato terrorista. Invariavelmente, o manicômio funciona com papel passado. E isso disseram ontem, onde estávamos. Uma arpejada no controle remoto, ontem, além desta revelação, trouxe à baila que nossa salvação para o fim dos tempos está diretamente ligada à compra de um crânio de cristal.
Incríveis os lugares pelos quais passamos.
Em sábado 08/05, véspera de Dia das Mães, o jovem cujo nome ninguém se recorda foi espancado até a morte na porta de casa, na frente da mãe, por ter furado um bloqueio. No metrô, ao meu lado, alguém comentava o fato: ah, mas o que será que ele fez?
E com uma pergunta dessas podemos supor, sim, sempre podemos, que algum ato justifique essa penalidade. Bem, estivemos em oito do cinco.
A roda gira e em instante algum o hospício pondera em rever seus atos. As coisas tomariam outro rumo se passassem a pedir desculpas. Poderiam contratar um ator para ler o script na frente das câmeras, em cadeia nacional ou mundial, dependendo do evento. A terceirização das desculpas já seria um grande avanço. Alguém contratado para representar países ou grandes corporações subiria num pequeno palanque e diria: vimos por meio desta nos desculpar pela atitude noanannnoannao.....E pronto.
Hoje não sei em que pé estão os Amigos de Gaza e a comunidade mundial mas ontem, 31/05, selecionando canais com reportagens massacrantes e vendas de crânios, restava a dúvida entre 9 e 10 mortos, além da tediosa justificativa, devidamente filmada, que os tripulantes tinham uma faca. Na verdade, o maior problema do manicômio e suas subseqüentes atitudes manicomiais é a carência de opções.
O homem que esfaqueou a mulher com diversas facas, ontem, alegava assim ter procedido em virtude do medo de que ela por ventura o traísse, mesmo a relação tendo terminado tempos atrás. Na cabeça dele, uma gigantesca forma-pensamento misturando tolices o induziu ao ato estapafúrdio e ao mesmo tempo trágico de tirar outra vida.
Os três eventos aqui descritos (com exceção da venda do crânio), partem respectivamente de uma nação, uma corporação e um indivíduo. Todos tem na raiz o agir impensado embora, com toda certeza, você veja mais filigranas nessa raiz, que não são fruto da sua imaginação mas que não competem a essa crônica corriqueira.
Sim, estivemos em 31/05, exceto os que partiram antes e os ainda prestes a chegar, a roda continua girando, junho talvez não nos brinde com um novo ponto de vista, porém, tenho a impressão de que todos os lugares estão devidamente preenchidos e todos os papéis devidamente representados.
Mesmo porque, não existe espaço em branco no universo.