NogaM
Parou o carro na Lins de Vasconcelos, ali, ao lado do Metrô Vila Mariana.
Como seria nossa despedida?
Seria a última do tipo?
Seria fria?
Indiferente? Normal? Dolorosa?
Indo contra a maré do meu pessimismo/pieguice ela tirou o cinto de segurança, me deu um sorriso lindo e sincero e abriu os braços, me convidando a me enfiar neles e me proteger dos meus anseios.
Me joguei e me derreti e me esbaldei, envolto naqueles braços tatuados.
Nos beijamos. Suspiramos.
No meu ouvido falou:
- Obrigada por ter vindo comigo!
Não sei se pela rouquidão do sussurro ao pé do meu ouvido ou pelo fato de uma mulher deslumbrante daquelas estar agradecendo a minha sorumbática companhia, eu me arrepiei.
Eu não soube o que dizer. Abri a porta do carro. Antes de descer dei uma última apertada naquelas mãos de unhas vermelhas.
Transcorreram só dez segundos do momento que ela parou o carro na Lins para nos despedirmos pro momento que eu contemplei o adesivo da Ilha do Mel sumindo na madrugada de sábado. Dali uma hora o sol deu as caras. E ouvindo The Morning Walk, saudei-o com a minha retina.