NogaM

Parou o carro na Lins de Vasconcelos, ali, ao lado do Metrô Vila Mariana.

Como seria nossa despedida?

Seria a última do tipo?

Seria fria?

Indiferente? Normal? Dolorosa?

Indo contra a maré do meu pessimismo/pieguice ela tirou o cinto de segurança, me deu um sorriso lindo e sincero e abriu os braços, me convidando a me enfiar neles e me proteger dos meus anseios.

Me joguei e me derreti e me esbaldei, envolto naqueles braços tatuados.

Nos beijamos. Suspiramos.

No meu ouvido falou:

- Obrigada por ter vindo comigo!

Não sei se pela rouquidão do sussurro ao pé do meu ouvido ou pelo fato de uma mulher deslumbrante daquelas estar agradecendo a minha sorumbática companhia, eu me arrepiei.

Eu não soube o que dizer. Abri a porta do carro. Antes de descer dei uma última apertada naquelas mãos de unhas vermelhas.

Transcorreram só dez segundos do momento que ela parou o carro na Lins para nos despedirmos pro momento que eu contemplei o adesivo da Ilha do Mel sumindo na madrugada de sábado. Dali uma hora o sol deu as caras. E ouvindo The Morning Walk, saudei-o com a minha retina.

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 31/05/2010
Reeditado em 31/05/2010
Código do texto: T2291893
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.