COM CUECA OU SEM CUECA?
Cada um de nós pode cometer equívocos de interpretação de mensagens não apenas por problemas de audição, como também em função da má dicção do emissor, ou ainda, pelo sentido conotativo (figurado) de alguns termos.
Eu, por exemplo, embora faça uso, costumeiramente, de cotonete para limpar meus ouvidos, volta e meia confundo “aurora boreal” com “abóbora do areal” ou “bife à milanesa” com “bife ali na mesa”.
Há cerca de dois anos eu e a minha família fomos passar umas férias em Guriri- ES. Ao ali chegarmos, eu e as namoradas de meus dois meninos começamos a limpar o imóvel, enquanto meu marido ia a um supermercado comprar mais material de limpeza.
Completamente absorta no serviço, não entendi a recomendação de meu esposo quando ele chegou com as compras: “Cuidado porque isso aqui é soda cáustica.”. Entendi que ele trouxera algo exclusivamente para uma de nossas futuras norinhas e que isso causaria ciúmes na outra, por isso lhe perguntei: “Só da Cláudia? Por que só da Claudia? A risadagem foi geral e até hoje eu sou motivo de chacota, quando interpreto algo equivocadamente.
Lembrei deste fato quando, recentemente, li o sentido de “amá-la” e “amar-te”, no seguinte texto que recebi pela internet:
O marido, ao chegar a casa, no final da noite, disse à mulher que já estava dormindo:
- Querida, eu quero amá-la.
A esposa, respondeu com voz embolada:
- A maaala?... Ah, não sei onde está não! Use a mochila que está no maleiro do quarto de visitas.
- Não é isso querida, hoje vou amar-te.
- Por mim, você pode ir pra júpiter, pra saturno e até pra p.q.p, desde que me deixe dormir em paz...
Certamente você, meu leitor, já entendeu que a comicidade da piada acima é assegurada pela homofonia (sons iguais) entre “amá-la” e “a mala”, e “amar-te” e “a marte”.
A crônica de hoje não é originada por equívoco de audição, nem por problemas de dicção e nem por causa da semelhança de sons entre palavras diferentes, mas é pertinente com todo o exposto acima, na medida em que é exemplo de que entendemos aquilo que nos convém, quando tudo o que queremos é dormir.
Recentemente um amiga me contou que certa vez, ela dormia pesadamente, quando o marido chegou a casa, tomou seu banho, enxugou-se, pulou sob o edredom e sutilmente sussurrou-lhe ao ouvido:
- Amoooor, eu estou sem cueca.
Sonolenta, ela resmungou: - Tá bom... pode deixar que amanhã eu vou lavar todas elas.
Ela jura que realmente entendeu que as cuecas estavam sujas, mas ele é enfezado, até hoje, com sua pouca sensibilidade para entender o que de fato ele queria.
De lá para cá, eu que não presto e adoro essas coisas, não posso vê-la ou com ela falar ao telefone que pergunto logo: "E aí, amiga, seu marido dormiu com ou sem cueca esta noite?"