O sabor da verdade
Não escrevo como terapia, muito menos para dizer que escrevo.
Escrevo porque gosto. Um bom texto fala! Basta que esteja bem escrito e seja trabalhado. Um improviso pode ser brilhante, mas não vai durar muito. Esta literatura para ser digerida, imposta pela propaganda prévia e bem organizada, produz gente como os autores de best sellers norte-americanos, onde existe uma verdadeira indústria do livro medíocre.
Como falar mal é a pior estratégia, afirmo que quem não escreve a sua verdade ou não é lido, ou vai ser esquecido cedo. Sentimentos e emoções têm que ser autênticos, não podem ser copiados nem imitados. Mesmo porque é impossível imitar um texto todo. Uma, duas frases, talvez passem. Na terceira vem o desastre, exceto quando se copia um texto inteiro, o que não é nada raro. Num concurso de versos, concurso importante, é bom dizer, há bem pouco tempo, um cínico enviou um poema completo de Olavo Bilac. Ficou em trigésimo primeiro lugar... Imagine-se a banca seletora, depois de saber do fato.
Um outro, de apenas treze anos de idade, enviou para concurso diverso do citado, um trecho grande, extraído do “Espumas Flutuantes”, de Castro Alves. Primeiro lugar destacado, até que descobriram a peta.
Influências todos sofremos. Mas querer passar disto é demais.
Nada como o texto enxuto, corrido, trabalhado, aquele que quando se lê tem sabor da verdade.
A literatura, como qualquer outra arte, não tem espaço para falsários. Não sabe escrever? Ora, vá vender pipocas...