A arte de pedir

A arte de pedir

Não sei se devemos chamar de arte o que fazemos durante a nossa vida, acostumamos sempre a pedir, uma busca constante pelo fácil. Ao nascer pedimos umas palmadas para que possamos chorar e mostrar que estamos vivos e sem saber usamos essa arma (o choro) para pedirmos o leite materno. Crescemos sempre pedindo, é paz, é amor e tudo de que necessitamos, papai Noel é que o diga. Alguns desviam do caminho e pedem a carteira, o relógio, outros imploram por pensão, esmola, um Deus me ajude e Deus quantas vezes é chamado pra atender coisas tolas? Somos pedintes por natureza, aprendemos rapidamente o “me dá”, nem sempre agradecemos e a cada dia mudamos o que desejamos ter.

Políticos pedem voto e eleitores seriedade, mas ninguém sabe ofertar o que de melhor tem e assim sem ninguém para oferecer, mas todos para pedir, o que resta é um eco uníssono, eu quero, eu quero, eu quero... Quando temos chance de doar (o coração) invertemos a história e continuamos a pedir, me dá seu amor e assim feito mendigos pedimos incessantemente, até cansar o verbo, “oferecer”.

É incrível como conseguimos desenvolver essa arte, até a vida conseguiu aprender com a gente e nos pede a cada dia mais determinação e aperfeiçoamento. O tempo pede pra passar e a nossa vaidade pra que ele pare de correr, uma luta entre o pedir e o pedir, ganha quem pede mais e amiúde. A verdade insiste em pedir para aparecer e a mentira pede para que acreditem nela, nessa altura a sensatez pede ordem nas coisas, mas entendo que quem não tem para dar só sabe é pedir.

Sem saber como agir eu também quero fazer os meus pedidos, mas com tantos pedintes acho que ninguém vai me atender, mas vou insistir: - Eu quero uma mansão, uma Ferrari, uma loira, se possível a do Tchan, ganhar na mega-sena acumulada, é, acho que por enquanto tá bom! EU DISSE POR ENQUANTO!

MÁRIO SÍLVIO PATERNOSTRO