DOMINGO, 30/05/10- MAIRA/MARTA
Uma índia me contou que gostou de casar. Seu nome é Maíra. Gostei logo dela quando começou a falar, com uma boca harmoniosa em pele bonita. E toda uma expressão corporal e fisionômica bonitas, jovem, uns trinta anos. Contou para nós, que a ouvíamos, de sua vida. Gostou de ter o marido e viver com ele.
Maira contou envolvida numa voz tão boa.
Mas quando um tempo passou, o pai trouxe a irmã, outra filha dele, e a consagrou em casamento com o marido dela. Ela não gostou. Sentiu aborrecimento.
Quando ela contou esta parte, percebi que sua fisionomia ou o brilho do olhar mudou. Nem tenho certeza se vi mesmo esta mudança ou se imaginei ter percebido. Mas certo é que compreendi uma mudança nela.
Continuou contando: então sonhou que foi pro céu. Deu para entender que aquilo era ruim. E foi tanto que ela adoeceu lá.
Neste momento em que escrevo, minha vista piorou, estou enxergando mal o monitor. Algum transtorno visual está ocorrendo com a minha visão. Mas continuo o escrito.
Maira continuou contando que quando voltou do céu, ela acordou. E aí aprendeu a gostar da irmã, casada também com seu marido, pois entendeu que foi o seu castigo.
Eu estava ouvindo atenta a sua história falada com pureza na expressão, só dizendo verdades. Vi que ela e todas as mulheres falam com toda a verdade de que são feitas.
E me comovi tanto com estas mulheres maravilhosas, que não sabem quanto são boas.
Entendi que elas são mais fortes para agüentar o sofrimento. Força e sabedoria que transformam em beleza de viver. São mulheres transformadoras.
Estou lembrando então da Marta, neste domingo, o último de maio, e estou chorando um sofrimento grande, não específico. Pela comoção de ver as índias. Que não precisam de tratamento. Provavelmente, a Marta é que precisa da índia e seus ensinamentos.
Eu quero saber o que acontece comigo. Porque compreendo? Talvez, como a Maira, eu tenha ido para o céu dela. Eu não quero compreender, eu quero é saber. A dimensão da perda eu quero saber qual é. Qual é o tamanho dela.
Por que voltei do céu sem ter aprendido nada? Eu quero saber.
Devo ter tido medo de saber e sentir. Como a índia, eu também adoeci. Voltei.
Mas até hoje não sarei.
“Mas é uma compreensão de mulher que estava feliz e, de repente, deixa de ficar feliz. Esta frase nasceu agora e ela é verdadeira. E é tudo que entendo.”
E tudo é pouco.
Uma índia me contou que gostou de casar. Seu nome é Maíra. Gostei logo dela quando começou a falar, com uma boca harmoniosa em pele bonita. E toda uma expressão corporal e fisionômica bonitas, jovem, uns trinta anos. Contou para nós, que a ouvíamos, de sua vida. Gostou de ter o marido e viver com ele.
Maira contou envolvida numa voz tão boa.
Mas quando um tempo passou, o pai trouxe a irmã, outra filha dele, e a consagrou em casamento com o marido dela. Ela não gostou. Sentiu aborrecimento.
Quando ela contou esta parte, percebi que sua fisionomia ou o brilho do olhar mudou. Nem tenho certeza se vi mesmo esta mudança ou se imaginei ter percebido. Mas certo é que compreendi uma mudança nela.
Continuou contando: então sonhou que foi pro céu. Deu para entender que aquilo era ruim. E foi tanto que ela adoeceu lá.
Neste momento em que escrevo, minha vista piorou, estou enxergando mal o monitor. Algum transtorno visual está ocorrendo com a minha visão. Mas continuo o escrito.
Maira continuou contando que quando voltou do céu, ela acordou. E aí aprendeu a gostar da irmã, casada também com seu marido, pois entendeu que foi o seu castigo.
Eu estava ouvindo atenta a sua história falada com pureza na expressão, só dizendo verdades. Vi que ela e todas as mulheres falam com toda a verdade de que são feitas.
E me comovi tanto com estas mulheres maravilhosas, que não sabem quanto são boas.
Entendi que elas são mais fortes para agüentar o sofrimento. Força e sabedoria que transformam em beleza de viver. São mulheres transformadoras.
Estou lembrando então da Marta, neste domingo, o último de maio, e estou chorando um sofrimento grande, não específico. Pela comoção de ver as índias. Que não precisam de tratamento. Provavelmente, a Marta é que precisa da índia e seus ensinamentos.
Eu quero saber o que acontece comigo. Porque compreendo? Talvez, como a Maira, eu tenha ido para o céu dela. Eu não quero compreender, eu quero é saber. A dimensão da perda eu quero saber qual é. Qual é o tamanho dela.
Por que voltei do céu sem ter aprendido nada? Eu quero saber.
Devo ter tido medo de saber e sentir. Como a índia, eu também adoeci. Voltei.
Mas até hoje não sarei.
“Mas é uma compreensão de mulher que estava feliz e, de repente, deixa de ficar feliz. Esta frase nasceu agora e ela é verdadeira. E é tudo que entendo.”
E tudo é pouco.