ENTRE O CÉU E A TERRA

Estavam em uma rodinha de bar, um filósofo e um poeta conversando sobre a existência humana, enquanto isso, um bêbado que não era filósofo, tampouco poeta, acho até que fazia meses que não sabia o que era estar sóbrio, ouvia toda aquela discussão sem questionar nada. O filósofo e o poeta levantavam certos questionamento sobre a vida e o pós vida. O filósofo sempre mostrando que a vida é terrena e nada mais. Que não devemos nos preocupar com o além, pois o além está além da nossa percepção. Confirmando o pensamento de Nietzsche, Sartre, Karl Marx. Em contrapartida, o poeta exaltava o valor da alma, da paz espiritual, da vida após a morte. Dizendo que havia sim um paraíso e que isso estava cravado nas escrituras bíblicas...

Até que o bêbado se levanta irado, manda o poeta e o filósofo tomarem bem no centro do orifício anal e começa a falar alto o seguinte: “olha, não sei por que a humanidade fica nesse frison imbecil de se perguntar: de onde viemos? Para onde vamos? Porque existimos? Ora, que idiotice! Simplesmente, viemos de um útero sanguinário, fomos expelidos por uma vagina inocente antes de ficarmos muito tempo escondidos quietinhos no saco do nosso pai. Somos obra do prazer alheio... somos culpa do orgasmo doentio dos outros. Sim, mas afinal, para onde vamos mesmo depois de termos passado pelo massacre da vida, hein? Ôxe... essa pergunta é mais fácil ainda. Iremos parar num buraco de terra úmida com pessoas chorando ao nosso redor enquanto os vermes e tapurus estarão comendo nossa carne, a mesma carne humana que de humana não tem nada. Tai o futuro da humanidade: cinquenta aninhos de vida, para viver assim, a infinidade da morte. Ou seja, morrer é ainda mais fácil. nascemos do prazer alheio para morrermos dolorosamente. Ah... mas o céu existe, tá?! Só que, pra lá, vão apenas os animais. O céu é uma espécie de selva.

Numa sei por que, mas adoro os bêbados. Acho que por isso, o bêbado tem a sina de ser filósofo e poeta ao mesmo tempo sem nunca ter parado pra pensar, nem pensando em abri um livro sequer!