Uma demagogia chamada vida
Durante a última semana, estava assistindo ao noticiário global da hora do almoço e vi uma reportagem que tratava a respeito de uma grande operação da polícia civil do Rio de Janeiro para cumprir mandados de busca e apreensão contra milicianos. E as imagens mostraram vários policiais fazendo incursão num conjunto da periferia onde era tido como um dos quartéis-generais das milícias. Porém, me surpreendi quando, ao fim da matéria, divulgaram o balanço das prisões. Nenhum dos líderes foi preso, a não ser um rapaz em que em sua casa ficava uma central de tv clandestina.
Os grupos paramilitares têm sido um câncer em nosso Estado, mas o que não dá pra acreditar é que alguém acredite mesmo que a polícia irá contra ela mesma. Isso é uma demagogia tremenda. E, infelizmente, não tem sido somente esse o foco de demagogias que têm nos cercado durante todo esse nosso período.
Fico me perguntando onde estão os valores morais de uma sociedade que é mister em apontar defeitos e desvios.
Há alguns anos atrás, o então Ministro da Saúde, José Serra, criticou abertamente, e corretamente, o fato da apresentadora Xuxa ter tido uma produção independente. Foi demasiadamente criticado e com isso, fez questão de pedir desculpas pessoalmente pela crítica. Afinal de contas, os admiradores da apresentadora votam.
E o golfista americano, Tiger Woods? Sempre foi vendido pela mídia americana como um exemplo de pai e de família para o mundo inteiro, mas que nos últimos meses foi bombardeado por escândalos extraconjugais. A sociedade vive lutando pra dizer que há um super-homem.
A mesma mídia que durante o carnaval faz apologia ao uso de preservativos e pílulas durante esse período, não mostra o índice de pessoas infectadas por doenças sexualmente transmissíveis. É o popular “transe com quem quiser, mas seja demagogo e previna-se”. E ela esconde os exemplos de famosos que morreram por essas doenças. Já parou pra pensar porque Cazuza não teve velório e Renato Russo fora cremado?
E tem várias pessoas que vão atrás desses modelos estereotipados que nos cercam. Quantas mulheres nunca desejaram ter o corpo da tal atriz ou tal modelo tal e quantos homens e até mesmo, mulheres, nunca desejaram ser como um determinado esportista? Só que o segredo para tudo isso, não tem nada a ver com saúde. Muitas pessoas fazem uso de medicamentos fortíssimos e que produzem uma série de efeitos colaterais, como a depressão. Quem foi que disse que esportista de alto rendimento tem saúde? Geralmente, eles estão completamente estourados e com seus músculos e estruturas ósseas fadigadas, tamanho o esforço para se manter em nível competitivo. Um atleta, dificilmente, consegue competir após os 40 anos de idade.
Antes, quando alguém dizia que uma determinada pessoa teve um casamento de novela, fora porque o casamento foi muito bem apurado, com muito requinte e bom gosto. Hoje, o que seria um casamento de novela? Aquele que o casal já tem uma expectativa de terminarem quando mal iniciam? Vide o exemplo do jovem casal, Alexandre Pato e Stephany Brito. Quando ele estreou pelo Milan e fez um gol, ele olhou para a arquibancada e imitou um coração com as duas mãos convergidas e próximas. Todos acharam linda a declaração, e realmente foi, mas há algumas semanas atrás, os dois decidiram por se separar, e a notícia dá conta que houve caso extraconjugal por parte dela e que ele tirou vários dos supérfluos que ela mantinha.
Infelizmente, a cada dia, as coisas vêm se deteriorando. O que era absoluto tornou-se relativo. Hoje, a mesma polícia que prende o bandido é a mesma que mantém conexões esdrúxulas com os mesmos; uma pessoa que tem uma opinião bem formada é obrigada a dissuadir dela em virtude do politicamente correto; as pessoas tendem e não perdem esse hábito horroroso de colocar A ou B como modelos perfeitos de vida.
Em que sociedade queremos estar inseridos e desejamos que nossas gerações estejam inseridas? É tempo de levantar voz e declarar: Abaixo a demagogia! Morte à hipocrisia!