Se pudéssemos voltar a ser criança.

Para se construir um mundo com mais decência, precisaríamos voltar a ser criança. Aprender, novamente, a falar e indagar as coisas, como pela primeira vez. Precisaríamos ter a pureza e a inocência, porque, desse jeito, evitaríamos grandes disputas, muitas vezes, por coisas banais. Como criança a briga seria pela paz e, talvez, por um brinquedo; mas agressões não existiriam.

Os heróis sempre venceriam os bandidos e super - poderes eram para servir a humanidade. Aprenderíamos cantigas de roda, faríamos festas com centavos, nos sujaríamos e nos lambuzaríamos de terra; tudo isso seria o resultado de que ganância não existiria. Não disputaríamos o amor, pois ele já estaria, o tempo todo, transbordando. Correríamos pelas ruas e pediríamos doces e doce seria a vida de todos.

Se pudéssemos voltar a ser criança, educaríamos o nosso adulto interior para que, quando crescesse, aprendesse a olhar a vida com mais simplicidade. Vestiríamos qualquer roupa e entraríamos nos mais luxuosos dos sonhos. Não envergonharíamos o sorriso e daríamos gargalhadas da tristeza.

Poderíamos arrotar, tirar meleca do nariz e muitas outras coisas, pois a prisão que a sociedade construiu, não teria mais grades. Roubaríamos beijos e frutas como se fossem milhões e, tomaríamos banhos nus, mas com a inocência nos vestindo. Falaríamos com os animais e poderíamos até ouvi-los, pois seríamos tão civilizados quanto eles.

Ficar de mal seria não falar o nome, por um dia,porém, inimigos jamais. Apelidaríamos os adultos com nomes esdrúxulos e subiríamos nos muros, mais altos da moral, para olhar o quintal da sociedade.

Se pudéssemos voltar a ser criança, amadureceríamos a velhice e ensinaríamos aos mestres “o que é o que é?”; e conversaríamos sozinhos para planejar a invasão dos soldadinhos de chumbo - a revolução da inocência. Se pudéssemos voltar a ser criança, pediríamos para jamais crescer.

MÁRIO PATERNOSTRO