Internet
“Um mundo de Peter Pans e Capitães Gancho”
A primeira fez que tive contato com a internet foi aos meus 15 anos de idade, se comparado aos jovens de hoje, um atraso, um verdadeiro analfabeto digital. Realmente descobri na internet um mundo de muitas possibilidades e no computador uma ferramenta quase que indispensável.
Estava fascinado com tantas novidades, diversidades, viajava do Oiapoque ao Chuí, de Cacique Doble para onde eu quisesse ir, a internet havia me conquistado. Mas, como nem tudo na vida são flores, logo percebi que nessa “Terra do Nunca” existiam muitos Capitães Gancho e de quanto era preciso me cuidar para não ser capturado. Tudo bem se falo como velho, no entanto o que dizer dos incontáveis Peter Pans que cada vez mais cedo tem acesso a essa ferramenta “maravilhosa”?
Crianças, meus senhores, crianças “orkutando” por ai sem controle algum e os pais pobres patifes enchem a boca para se gabar: - tu acredita guria que minha filhinha de cinco anos já meche na internet? Pais irresponsáveis e imaturos que acham lindo deixarem seus filhos soltos em uma jaula de leões trocando mensagens com qualquer “Syber Pirata”.
O problema meus senhores é que todas essas facilidades da tecnologia abriram portas para estes “Piratas” de má índole praticarem suas perversidades sem ao menos precisarem se identificar. Enquanto a mãe tranqüila assiste o programa Mais Você para aprender uma receita nova com a Ana, que nem ao menos saber cozinhar de verdade, sua filhinha, que não é tão inocente quanto ela pensa, se exibe na web cam para um amigo que ela conheceu no “messenger” e, que diz ter os mesmos quinze anos de sua filha, mas na verdade não passa de um pedófilo quarentão, mal resolvido, covarde que fica o dia todo molestando meninas e meninos na internet, vestindo sua carapuça que lhe protege das sanções legais.
Aliás que leis são essas que regulam o uso da internet? Que estipulam limites, que determinam o que pode e o que não pode, qual a autoridade competente para aplicar possíveis meios de coação? Simplesmente não existem, meus senhores, estamos ironicamente atados aos nossos próprios direitos, a liberdade de expressão que tanto batalhamos para conquistar, depois de tantas ditaduras agora nos assombra. Calma, não proponho aqui uma nova era de censura, no entanto é gritante a necessidade de que o Direito se adeque o mais rápido possível a essa complexa mudança da sociedade, para que possamos punir com veemência esses aproveitadores mau caráter, covardes que usam identidades fictícias para praticar seus delitos sem controle algum, precisamos punir, precisamos nos adequar. Para que um dia os nossos Peter Pans finalmente possam voar seguros.