A amizade

Faz tempo que tenho tentado decifrar os códigos encriptados da amizade, mas quanto mais chego perto, mais difícil se torna desenvencilhar-me desse paradigma gigantesco. Por vezes misturo a amizade com a paixão, e faço-o de forma espontânea, nem eu, mestre do disfarce, consigo entender essa promíscua passagem entre os dois sentimentos ou os dois campos. Se alguém me puder explicar como isso acontece, eu seria eternamente grato e evitaria gastar minha saliva. Sei que o “leitor” é preguiçoso, mas quando falamos de sentimentos ele desperta, e será ele o meu fiel pajem nesta caminhada em redor do sentimento de afeto, estima... Juntos - face to face - iremos tentar ligar as pontas dos Íons. Espero como é evidente que possamos obter uma carga positiva sobre a questão, pois perder mais tempo em divagações não é o caminho ideal. E como tempo é dinheiro, tentarei com que meu bolso não sofra em demasia.

Em séculos me aprofundei na teoria de que amizade é uma rede elétrica de impulsos nervosos que nos levam a uma aproximação; mas hoje, estou mais inclinado a deixar cair essa teoria por terra, refletindo a priori, na idéia de que esse pólo de atração é mais casual do que energético. E passo a explicar: se fazer amigos é difícil nesta sociedade consumista e globalizada, isso então significa que a passagem de uma corrente elétrica entre corpos é incompleta, a não ser que estejamos perante um novo estigma de contato entre seres humanos. Coisa que eu desconheço! Para mim, a amizade real ou virtual se procede de forma casual, como se as pessoas no seu intimo se comunicassem por elos cósmicos, forçando a aproximação de dois seres que nunca se viram, se olharam, se sentiram - é o fortuito a ditar as regras. Não acredito em destino, mas confio na minha percepção de junção de corpos por acaso. E do acaso vem o caso, a vontade de conhecer a outra pessoa, onde a amizade joga por antecipação, como se nós fossemos amigos sem nos conhecermos. Na teoria parece tudo muito confuso, mas na prática as coisas tendem a bater certo. Exceto ocorra alguma mudança de última hora nas partes envolvidas, e que possa balançar as estruturas fragmentadas da amizade.

- Agora passagem de energia entre corpos, é coisa que eu não quero acreditar. Ainda que o impossível seja possível... E que o inesperado seja esperado...

Senão perceberem este texto, não faz mal, pois também eu cheguei ao fim dele em estado de incompreensão. Tirem as vossas conclusões, e evitem se agarrar às teorias malabaristas deste personagem.

- Ele viajou e não se encontrou... Por obséquio tenham pena dele.

Jvcsilva
Enviado por Jvcsilva em 29/05/2010
Código do texto: T2287069
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