SUTIL SACANAGEM (Crônica humorística)
Foi me encontrando com Ana Maria no RECANTO, e aí, entenda-se recanto como Recanto das Letras, que me veio à lembrança uma sacanagem, receita que pode ser apanhada com a própria Ana Maria que não braga, não se deixa pegar de calça curta, nem se engasga com pequenas coisas...
Assim, já decorridos muitos anos, eis um fragmento de memória que me leva a pedir desculpas a Fernando Barreto, trinta e cinco anos depois de ocorrido o fato.
Que Deus o tenha, se aquele colega já for morto e o retenha, se ainda vivo...
Também elevo minhas escusas a Leda Simão e Gilma, as donas da casa que ofereceram uma festa e convidaram o chefe a se misturar com precários, funcionários novos e não graduados...
Elas prepararam uma galha de mandacaru, cacto para quem não conhece esta planta pela denominação dada na caatinga. Lavaram, retiraram os espinhos e espetaram nela queijo, azeitona, salsicha picadinha, mandioca frita, carne de sol e outros tira-gosto que se serve no palito.
Sutilmente, recortei um tampo de mandacaru e o trabalhei “artesanalmente”, de modo a se parecer com uma azeitona sem caroço e enfie no galho...
Como babosa, mandacaru tem uma baba nojenta, pegajosa e meio amarga... O que eu não imaginava é que o chefe... bem o chefe escolheu aquele pedacinho...
Todos viram a cara feia que o Fernando fez, mas só eu sabia porquê. Ele saiu de mansinho, jogou aquilo fora num canteiro do jardim e em poucos minutos agradeceu o convite, despediu-se e foi embora...