MAIS UM DIA E ME AFUNDAREI
NESTA INSIGNIFICÂNCIA!
Por favor, não me deixe perceber o quanto sou insignificante para você. Não me faça questionar-me o porquê dessa estranha prisão em que vivi e de quais parâmetros eu me utilizei para medir a importância de nossa história. Não lhe pedi nada e nada lhe darei, senão o que ainda guardo lá no mais profundo de meu ser – nada!
Não me importa se o tempo se esvai como gotas d’água que escoa entre meus dedos. Não me interessa saber em quantos espelhos vejo refletida a minha alma conturbada, o meu coração exposto; o quanto salta a minha veia e quão cega eu estive, por tanto tempo.
Leva daqui o seu adeus minguado, seu amor esfacelado, seu carinho amanhecido. Não olhe para trás quando atravessar aquela porta. Deixe-me aqui com os meus fantasmas, fazendo companhia a minha solidão eterna. Poupe-me o pranto – ele não mais existe.
Este caso jamais teve começo – nem mesmo sei como aconteceu – mas terá um fim. Vesti a minha fantasia de amante corriqueira, das noites sem lua, para seu deleite imperdoável sem medir conseqüências, sem pesar os prós e os contras – muito mais contras, isto não se discute.
Não há culpas nem culpados, nem certo ou errado. O que existe é o cansaço, desta mesmice insuportável que levou a nada - senão a vontade de não mais ser, de não mais querer. O que restou, desta soma de equívocos ultrajantes, foi o infalível desejo de tirar a fantasia e vestir-me com a pele de mim mesma. Respirar, sentir, viver!