Errar é humano?

Por mais embaçado que esteja o pára-brisa, nos salta aos olhos as crianças e jovens que se amontoam nas “sinaleiras picadeiro”, artistas do Circo da Vida se equilibrando entre meio as carros, para que de vez em quando sejam sorteados com alguns vinténs.

E a platéia se quer esboça um sorriso por detrás das frias arquibancadas de quatro rodas que logo vão embora num cantar de pneus. Mas, o espetáculo não pode parar, com intervalos e apresentações breves, tentam proporcionar ao seu público, que anda sempre apressado, alguns segundos de descontração e até mesmo alegria, no entanto são poucos os que retribuem de forma simpática a este espetáculo.

Enquanto isso os legisladores e aplicadores do Direito se orgulham e ostentam a democrática Constituição de oitenta e oito, garantidora dos direitos fundamentais, que melhorou muitos aspectos para beneficiar o “povo”, possibilitando o acesso a justiça a “todos” os cidadãos, assegurando que ninguém seja julgado sem um devido processo legal, que as partes tenham aplicados os princípios do contraditório e da ampla defesa para que o juiz entenda e componha da melhor maneira sua decisão, que deve ser justa objetivando resolver e pacificar o conflito. Que todos os brasileiros têm direito a moradia, alimentação, educação, saúde, todo aquele conto de fadas que já conhecemos.

Porém, não é bem assim que a história acontece, todo sistema é sujeito a vícios, principalmente quando está presente a pessoa humana, que em especial é coberta de falhas, como diz o velho jargão. Por mais que os profissionais do Direito não admitam, mas ninguém consegue ser completamente racional sempre, é inerente ao ser humano sentir. O grande problema acontece quando essas falhas incidem sobre decisões que mudam a vida de outras pessoas e quando essas são movidas por motivos de interesses particulares para beneficio próprio. Neste momento a teia da justiça se rompe abrindo grandes buracos por onde passam muitos insetos que acabam desequilibrando o meio social.

Pergunto a platéia quantos sinais vermelhos ainda nos restam para pensar que algumas simples moedas não vão mudar a triste situação dos milhares de artistas anônimos, que diariamente tentam despertar a nossa atenção para uma realidade que não é só deles e que só vai melhorar se mudarmos a nossa postura, se tivermos atitude, do contrário errar é mesmo humano

Lucas Carini
Enviado por Lucas Carini em 28/05/2010
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