NÃO QUERO HERMANOS, PREFIRO IRMÃOS
Um menino moribundo perambula pela cidade colombiana de Bogotá com sua roupa em trapos. Uma camisa branca visivelmente decrépita, um short velho e um barrete encontrado em algum beco escuro do bairro periférico que reside. Pouco menos de 15 minutos para chegar à sua casa, sente uma forte dor abaixo das costelas. Vagarosamente vai caindo enquanto observa sua camisa tornando-se vermelha, uma bala perdida o havia atingido. Apesar da cena triste, não deixa de ser notória em todos os lugares do mundo. Entretanto, a razão do país colombiano possuir inúmeras milícias lutando contra o governo deveria ser algo abordado com mais assiduidade pelo Brasil?
Primeiramente, devemos pensar: Que vantagens o Brasil teria em saber o que se passa num país vizinho, e quais benefícios isso acarreta. Uma pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostrou que vivemos num país que está atrás da Argentina e Uruguai em número de pessoas com graduação acadêmica. Enquanto numeramos 8%, Argentina e Uruguai marcam 14% e 9%, Respectivamente. Com uma média tão baixa, é notório deduzirmos que ao menos 90% das pessoas do Brasil desconhecem sua cultura a fundo e os principais fatos ocorridos no setor político e econômico do país. Com esse pensamento, vamos facilitar as coisas e dividir a população instruída que lê jornais, das não instruídas, mas que também lêem jornais.
Iremos começar pela maioria, a classe mais singela, o “povão”. O Brasil, segundo pesquisas, possui a pior qualidade do ensino público, tanto Ensino Fundamental quanto Ensino Médio do mundo. Isto é, a educação está sofrendo decadência e nada tem sido feito nestes últimos anos. Será que essa maioria está interessada em saber que as Forças armadas da Colômbia (FARC), seqüestraram um jornalista colombiano, e só irão libertá-lo quando o governo não repreender mais seus militantes? Creio que não. O ideal seria primeiramente ensinar essa população a ser mais autodidata, assim como em países onde a educação é dada como prioridade.
Agora pensaremos nesses 10% que “podem” estar interessados em se instruir sobre tudo o que acontece no mundo. Desde criança eu escuto os adultos me dizerem a frase: “Diga-me com quem andas que te direi quem és”. Mas é engraçado que esse contexto não é aplicado na política brasileira. O mundo capitalista implica em criar povos cada vez mais individualistas, e se essas são as regras, por que não devemos segui-las? Na segunda guerra-mundial os Estados Unidos precisavam dos brasileiros em sua campanha contra os nazistas, e para isso tratou-nos como uma mãe cuida do seu progênito. Claro, eram os pracinhas da força expedicionária brasileira que estavam sendo massacrados por uma guerra que não era nossa. A maioria dos países latinos costuma ser amável conosco, implorando muitas vezes para entrar na economia do Mercado comum do sul (MERCOSUL), pois sabem que somos um gigante acordando, - pelo menos é o que dizem.
A princípio pode até parecer egoísmo dizer que devemos nos prender ao Brasil, e deixar de lado nossos vizinhos. Mas se pensarmos bem, raros são os brasileiros que conhecem a história de todos os estados e das principais cidades do país do futebol. País esse, tão grande que além de ocupar a quinta colocação em extensão no mundo, poderia facilmente acomodar em seu interior inúmeros países europeus. Às vezes passa até pela minha cabeça, que a intenção de mostrar países pobres tem o singelo objetivo de subjetivamente amenizar as críticas da população à escassez de cultura, educação, saúde, entre diversas outras infelicidades que vivemos. Induzindo todos a crerem que não estamos tão mal assim.
Entretanto se ainda assim alguém sentir a necessidade de ler a respeito das desgraças da America latina, ou querer conhecer a cultura Maia. Existem portais da internet que publicam textos de cultura, e acontecimentos de forma enxuta sobre esses países, ao menos as matérias quentes. Até porque se o que te interessa são matérias frias, curiosidades e fatores históricos, compre um livro de um especialista, assista Discovery Channel, ou assine a excelente revista National Geographic. Essa última por sinal, escrita por jornalistas segmentados na área.
Em síntese, não há porque explorarmos na contemporaneidade os países latinos. Futuramente, talvez. Hoje, é melhor nos preocuparmos em crescer seguindo estereótipos de países mais intelectualizados. E se a questão for apenas cultura, já temos veículos segmentados suficientes para os poucos que se interessam.