BOCAGE E EMILIO DE MENEZES

Manuel Maria Barbosa Du Bocage, o incrível e singular poeta português, nasceu em Setubal aos 15/09/1765, tendo falecido em 1805 com apenas quarenta anos de idade.

Símbolo da irreverência, é considerado um dos maiores sonetistas líricos portugueses,

com vasta obra hoje mundialmente conhecida, na sua luta contra o despotismo e sempre revelando um humanismo íntegro na sua literatura. Os poderosos sempre foram o seu alvo preferido.

Dizem que, certa vez, ele fugia como o diabo da cruz de uma dama muito feia que implorava o seu amor, de nome Antonia. Ela o perseguia constantemente e ele não achava meios de se livrar da obsessão daquela mulher, até que um belo dia dedicou-lhe a seguinte trovinha:- “- Esses teus olhos, Antonia/São dois penicos vidrados/Onde obram os meus sentidos/Onde mijam os meus cuidados!”.

Aí, então, foi o ponto final daquela perseguição e o nosso herói partiu para outras. Noutra ocasião, ele passava pela praça montado num burrico de longo pescoço, cavalgando em pelo. Vários estudantes estavam por ali reunidos, galhofando e ao verem a cena se aproximaram e zombaram:-

“- Bocage, a quanto estás vendendo o metro do pescoço do burro? ...” – E ele, calmo e irreverente, levantou o rabo do burrico e lhes respondeu:-

“- Por favor, meus jovens, queiram entrar na loja e saber do preço! ...”

No Brasil tivemos um patrício, o grande poeta Emilio Nunes Correia de Menezes, nascido em Curitiba em 1866 e falecido no Rio de Janeiro em 1918, vivendo apenas cinqüenta e dois anos. É incrível como morriam cedo as pessoas naquele tempo, principalmente os artistas.

Emilio de Menezes era um tipo original, inteligentíssimo, rica imaginação, figura e hábitos singulares, como roupas extravagantes. Boêmio inveterado, mudou-se para o Rio de Janeiro, lá conhecendo o Professor Coruja que lhe abriu as portas do seu lar. Pois um ano depois Emilio estava casado com uma de suas filhas. Casado, foi especular na Bolsa de Valores e acabou enricando rapidamente. Mas tempos depois estava empobrecido de novo, mercê da vida extravagante e boêmia que levava. Aos 15/08/1914 ingressou na Academia Brasileira de Letras, mas o seu discurso polêmico não passou pelo crivo da Mesa Diretora e até morrer, em 1918, Emilio de Menezes não havia tomado posse da sua cadeira naquele silogeu.

Suas poesias são satíricas, ferinas e não poupavam nem os amigos mais chegados, quanto mais seus inimigos. Certa feita, estava com seu grupo de amigos num bar quando passou uma bela senhora carregada de jóias valiosas. Um dos rapazes comentou:-

“- Oh, que lindos brilhantes leva aquela dama! ...” – E Emilio, espirituoso como sempre, devolveu:-

“- É, bem que podem ser de amantes ...” – para a bazófia dos seus companheiros.

Próximo à sua morte ele andava muito magro, já doente, ao contrário do homenzarrão que sempre foi, gordo à beça mas nem isso lhe escapou de fazer pilhéria:-

“- Vou pregar uma bela troça nos micróbios, vocês vão ver! ...”

Bela época aquela, em que os costumes, as festas, o bom viver, a poesia, o romantismo, as letras e as artes imperavam para alegria geral do povo brasileiro, “nunca antes na história deste pais”.

B.Hte., 28/05/10 -o-o-o-o-o-

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 28/05/2010
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