CADÊ A DRICA?

Tarde da noite. Ele liga o PC. Susto! O “bonequinho” verde! Ela está online, meu Deus! Coração aos pulos. Quatro meses! Nunca nenhum sinal. Agora, on... Entra? Não! Cadê coragem? Pensa a seu favor. “Bonequinho” verde? Verde é esperança, logo, sinal verde! Tecla:

-Oi... Está aí?

Silêncio. Vontade de desistir. Sair correndo, ir chorar no banheiro. Súbito, o balãozinho na tela, os pontinhos pulando. “Adriana está digitando”. A barriga esfria. Ai, o destino na tela. Lê:

_ Oi...

Ela disse “Oi”! Ai, meu coração!

_ Tudo bem, Drica?

_ Sim

_ Saudade de você...

_ Eu também, Doca...

Jesus! Ela não disse Pedro, disse Doca. Ótimo! A coragem ganha força.

_ Sabe, pensei muito...

_ Sim...

_ Tô sofrendo demais! Quatro meses que não durmo, não como direito...

_ Eu também. Mas foi você quem quis, lembra? E a Lidiane?

Ela ainda está magoada. Dá pra sentir. Não esquece o fora por causa da Lidiane.

_ Lidiane foi ilusão Drica! Meu amor é você... Cê sabe!

_ Jura, Doca?

_ Drica, a gente tem que voltar, ou eu morro...

_ Também quero, Doca, te amo, cê sabe...

Ela amava! Por que esperou tanto?

_ Amor, a gente podia sair. Comer uma pizza. Eu...

_ Um momento, Doca, telefone...

_ Ok...

Ele suspira. Fecha os olhos. A tensão de quatro meses desaba. Fim da guerra! Ela demora. O telefone não desliga? Aguenta firme. O telefone não tem fim? Ouve música. O telefone é pra sempre? Navega na net. O telefone... O telefone... Amanhece o dia. O PC ligado. O “bonequinho” dela? Mais verde do que nunca! Respira resignado. Ela não tem culpa. A culpa é do telefone... Gente sem noção...

Três dias. E Drica? Nem sinal! Ele decide: vai a casa dela. Agora, nesse momento! Um pretexto! É tudo que precisa... Chegar na cara-de-pau? Não dá, não dá mesmo! Ah, já sabe! Vai passar no banco. Retirar uns trocos. “Vim trazer uma ajudinha”. Ela sem entender “Pra quê?”. Ele rindo sem graça “Pro telefone. Três dias, né? A conta vai chegar pela hora da morte!”... Bem capaz que ela aceita! Tentar, né?