CRISE DOS 50 ANOS

As crenças mudam com o passar dos anos.

Em dezembro, completarei 50 anos. E após meio século de vida, me pergunto: - onde estão os meus sonhos?

- Perderam-se no tempo. E agora, aos 50 anos, me pergunto: - Se há um criador, por que nos fez imperfeitos?

Entretanto, cheguei à conclusão de que somos ilhas. E não arquipélagos. Estamos sempre sós. Mesmo que façamos parte de uma multidão. Assim como na chegada, como na partida, estamos sós (nascimento e morte).

Aprendi que as nossas dores são só nossas. Não podemos compartilhá-las com mais ninguém.

Aprendi que a minha felicidade não pode estar atrelada a outra pessoa. Assim como o meu destino também não o pode.

A felicidade é um estado de espírito. Um ato solitário. E quem depende de outra pessoa para ser feliz, jamais o será.

As pessoas vão e vem. Assim como as marés.

Aprendi que jamais devemos confiar em alguém. Pois as pessoas que mais nos magoarão, serão as que mais confiamos e amamos.

E agora, já passados 50 anos, uma pergunta não sai da minha mente: - quanto tempo ainda me resta?

O que fazer com os projetos inacabados?

E aqueles que ainda nem foram iniciados?

E os sonhos não realizados?

E os amores esquecidos?

E os mal resolvidos, que ficam guardados no fundo da alma?

Aquele que poderia ter sido, mas não foi.

Quanto tempo me resta?

Às vezes, amaldiçôo essa memória privilegiada... Gostaria de poder esquecer. Pois tenho mais dores que felicidades para lembrar...

Às vezes, quando me lembro do passado, relembro os amores sufocados: - Como minha vida poderia ter sido diferente!

Lamento todas as coisas que não fiz, por insegurança ou por ignorância.

Lamento pelas bocas que não beijei. Pelos amores que sufoquei. E pelas mulheres que não amei.

Lamento por ter falado quando não devia. E por ter calado, quando deveria gritar.

Lamento por não ter ouvido mais e falado menos...

Lamento por não ter sonhado menos. E vivido mais.

Naioton
Enviado por Naioton em 27/05/2010
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