RECANTISTAS, CUIDADO...
A cacofonia assassina a escrita! E ninguém está livre dela. Quando o namorado dia para a amada "Vou amá-la sempre", ele não estará chamando a moça de MALA? Ou quando diz "Vou amar-te", será que ele vai fugir da raia para o planeta MARTE?
A cacofonia é o terror dos jornalistas e comunicadores que, na maioria das vezes, sem querer (ou querendo), acabam falando frases que dão efeito diferente e até engraçados. Na transmissão do jogo Brasil x Coréia, ouviu-se: "Flavio Conceição pediu a bola e CAFU DEU". Luciana Gimenez, para a mãe: "Mãe, queria agradecer a você TER ME TIDO". E outras, já ouvidas nos meios de comunicação, como por exemplo: Eva e Adão (É VEADÃO), a vespa passada (A VESPA ASSADA), por cada (PORCADA), ela tinha (É LATINHA), fé demais (FEDE MAIS).
Até escritores consagrados já caíram nas suas malhas. O célebre Rui Barbosa cometeu um cacófato famoso em seu poema que homenageava sua amada, dizendo: "...quando ela fala, ela canta; quando ela canta ela trina" (chamando a coitada da mulher de LATRINA). O poema de Camões "Alma minha", em sua expressão título forma um cacófaton (MAMINHA). Mas, a favor do célebre poeta, tem a tese que, no seu tempo, pronunciava-se "álmà minha", porque a pronúncia das vogais no Portugal do sé.XVI era mais aberta.
Em linguagem caipira fica até meio pornô:
- "Tê... tinha, mas acabô-se tudo; só se fô desse".
- "Topei dano nela com a vara de tocá gado".
Para concluir, uma cacofonia política famosa: A pita ou piteira é uma grande erva rosulada, usada para extração de fibras. Um governador de MG, Benedito Valadares, certa vez quis engrandecer seu discurso diante do povo e disse: "Minas, essa terra feliz onde a pita abunda...". Um assessor cochichou; "Governador, 'a pita abunda' é cacófato!". Percebendo sua gafe, ele mudou o discurso: "Minas, essa terra feliz onde abunda a pita!". E assim Valadares entrou para a História.
E vocês já pagaram algum mico por causa de alguma palavra desse tipo que "abunda" na língua nacional?