PECADO CAPITAL

"A vaidade é, sem sombra de dúvida, o meu pecado preferido."

John Milton (A personificação do demônio em O Advogado do Diabo)

Se o sermão da montanha fosse literáriamente escrito nos dias atuais, o mítico Jesus de Nazaré poderia dizer que bem aventurados também seriam os feios, os pobres e os desprovidos de intelecto, porque eles também mereceriam entrar no reino dos céus. Digo isso porque não há dúvida que a vaidade seja um dos sete pecados capitais que mais faz tropeçar e recrutar adeptos às fileiras do tinhoso (hã?).

Se o sujeito é bonito, se torna vaidoso por causa disso, porque é o "pegador", é o galã, o preferido da mulherada, o popular etc e tal. Não raras vezes, é um citador de si mesmo e se conjuga na terceira pessoa.

Se o camarada é rico, nem se fala: adora comprar só o que é de griffe, gosta de contar vantagens, falar de suas viagens internacionais, de seus feitos, dos vinhos finos que bebe, de suas amizades influentes etc e tal.

Se o indivíduo é intelectual, dê-lhe relatar os milhares de livros que leu, os autores desconhecidos que conhece, as faculdades que cursou, as correntes filosóficas que defende e por aí vaí. Outra característica muito presente nos vaidosos: todos sempre se declaram ou se reconhecem como humildes. Gostam de ressaltar isso, humildemente.

Sempre acreditei (errôneamente?) que inteligência não significa intelectualidade que, nada mais é do que informação em cima de informação. Inteligência, creio, é algo que brota do próprio ser e isso resulta na compreensão de si, na vigilância das próprias atitudes e no respeito ao outro. É algo interior e não tem nada a ver também com esperteza.

Bem, se os feios, pobres e burros pudessem entrar no céu, eu teria alguma chance. Ah, putz, esqueci que eu não acredito muita nessa coisa de céu ou de inferno. Humildemente, sou um fudido mesmo...

Márcio Brasil
Enviado por Márcio Brasil em 26/05/2010
Código do texto: T2280976
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