O ENVELHECER

O melhor presente que a vida pode nos dar é a velhice. Os amigos, a família, a lembrança de uma paixão e os bons tempos de outrora.

Os fatos desagradáveis, a gente esquece, os bons acontecimentos, nos faz lembrar uma nova vida.

Na verdade, é uma grande bênção viver o suficiente para observar o cabelo embranquecer e ainda ter a vaidade de mandar tingi-los de preto ou da cor que se deseja.

Nos sulcos do rosto, estão para sempre gravados os risos da minha juventude, e a eternidade do meu saber.

Tantos outros não conseguiram sorrir, outros tantos morreram antes do pratear dos cabelos.

À proporção que envelhecemos, ficamos mais positivos, e conquista-se o direito de errar, acertar e não dar satisfação a ninguém, há uma libertação total e consciente.

Ninguém vive para sempre, mas enquanto se vive, não se deve desperdiçar o tempo lamentando o que poderia ter sido, ou mesmo preocupado com o amanhã.

Enquanto envelhecemos, amizades antigas partem para o etéreo, mesmo antes de mim, de nós, mas, outras novas vêm ao meu encontro a fim de receber experiência, carinho e muito amor. É por isso que a canção assim diz: “viver e não ter a vergonha de ser feliz... cantar... e sempre ser um eterno aprendiz.”

Contudo, o bom é envelhecer em tamanho real, sem vaidade, sem ignorância vil, sem arrogância e com muita dignidade, bem como sem angústia de futuro, sem se prender à correria desenfreada da vida moderna, mas com sentido de viver.

Com o envelhecimento, os caminhos se abrem para outros destinos, outras veredas, a chama do amor aquece lentamente e a vida se transforma numa leve caminhada.

O envelhecimento nos faz olhar o semelhante com esperança e afeto, nossos braços se abrem para as crianças e as palavras saem de nossas bocas com mais amor, com grande suavidade e muito pensar.

Ao final da jornada, o sono vem e alivia o nosso cansaço, a noite cai em silêncio e a paz invade nosso coração.

Eis então a beleza de envelhecer com o tempo e com a vida cheia de amor.