NO TEMPO DO PARALELEPÍPEDO
Palavrinha danada de escrever! Mais difícil ainda de pronunciar! Mas traz uma lembrança saudosa dos tempos em que o tempo não corria tanto. Nem os motoristas... Tempo em que as mulheres tinham que pisar com cuidado para não estragar o sapato. As vezes o salto ficava na fenda entre duas pedras... Tempo em que quase não havia buracos nas ruas, pois o material era mais durável. Como os costumes...
Hoje os paralelepípedos saíram de moda. Apenas cidades históricas ou pequenos municípios ainda os conservam. No Rio Grande do Sul existem cidades que ainda conservam o calçamento original e isto lhes confere uma aparência bucólica. Geralmente são cidades turísticas. E nas cidades maiores quando são colocados, muito mal colocados, em pouco tempo já existem crateras capazes de engolir um carro.
O asfalto modernizou as cidades, mas ocasionou alguns problemas. Buracos frequentes. Algumas ruas parecem rendadas e algumas prefeituras parecem cegas... O trânsito ficou mais veloz, provocando correrias desordenadas. Certos motoristas parece que incorporam o Fernando Alonso e andam numa velocidade digna de Fórmula 1. Sem falar nas motocicletas... Os motociclistas, com raras exceções, trafegam em ziguezague entre os carros e... salve-se quem puder! Quando a sinaleira abre, eles arrancam endoidecidamente, deixando para trás os outros veículos, que só não comem poeira porque ela não existe.
Pois é, pa-ra-le-le-pí-pe-do é uma palavra enorme, de sete sílabas, e embora a gente quase destronque a língua para pronunciá-la, trás uma certa nostalgia de um tempo em que tudo era mais duradouro, mais estável, mais tranquilo. Até os relacionamentos...