A MENINA QUE EU FUI UM DIA - BVIW

A MENINA QUE EU FUI UM DIA

Lembro-me ainda dos pontos de Historia, Geografia e Ciências que, no meu curso primário, era obrigada a decorar, e, na integra, as poesias que recitei no palco, nas festinhas de minha escola:

“Meu pai era um gigante, domador de feras, mas tinha um grande coração...”

Certa vez fui escalada para fazer um discurso em uma comemoração de 7 de Setembro e o meu pai escreveu o meu “improviso”:

“São Paulo, meus senhores, estava fadado a ser o palco onde se desenrolaria o mais importante episódio de nossa vida política...”

E por ai afora passando pelo riacho Ypiranga, pela carta de D. João VI, pelo desembainhar da espada, pelo famoso grito... etc....etc...

Isto, nos idos anos trinta e qualquer coisa.

Quando terminava o meu curso primário, escrevi uns versinhos de despedida, agradecimento e tal, e minha professora quis que eu os declamasse na festa de encerramento.

Depois da apresentação, os elogios e a declaração de que eu, “A Poetisa Menina” ia declamar uma poesia de minha própria autoria, subi no palco com a “bola cheia”.

Tão cheia que estourou!

Pois imaginem que não consegui me lembrar de uma única estrofe dos malfadados versinhos!

Atrapalhei-me, esqueci tudo, não consegui improvisar nada e acabei chorando.

Não me lembro de ter passado em toda minha vida por um vexame tão grande.

Maith
Enviado por Maith em 25/05/2010
Reeditado em 25/05/2010
Código do texto: T2278658