A MENINA QUE EU FUI UM DIA - BVIW
A MENINA QUE EU FUI UM DIA
Lembro-me ainda dos pontos de Historia, Geografia e Ciências que, no meu curso primário, era obrigada a decorar, e, na integra, as poesias que recitei no palco, nas festinhas de minha escola:
“Meu pai era um gigante, domador de feras, mas tinha um grande coração...”
Certa vez fui escalada para fazer um discurso em uma comemoração de 7 de Setembro e o meu pai escreveu o meu “improviso”:
“São Paulo, meus senhores, estava fadado a ser o palco onde se desenrolaria o mais importante episódio de nossa vida política...”
E por ai afora passando pelo riacho Ypiranga, pela carta de D. João VI, pelo desembainhar da espada, pelo famoso grito... etc....etc...
Isto, nos idos anos trinta e qualquer coisa.
Quando terminava o meu curso primário, escrevi uns versinhos de despedida, agradecimento e tal, e minha professora quis que eu os declamasse na festa de encerramento.
Depois da apresentação, os elogios e a declaração de que eu, “A Poetisa Menina” ia declamar uma poesia de minha própria autoria, subi no palco com a “bola cheia”.
Tão cheia que estourou!
Pois imaginem que não consegui me lembrar de uma única estrofe dos malfadados versinhos!
Atrapalhei-me, esqueci tudo, não consegui improvisar nada e acabei chorando.
Não me lembro de ter passado em toda minha vida por um vexame tão grande.