Luvas Mentais
Saber de cor parece insinuar que ter uma informação que nos é dada pelo coração. É algo tão marcado, tão importante que está intimamente relacionado com os nossos sentimentos e por isso não se esquece.
No fundo sabemos que a memória está no cérebro. É este órgão que comanda tudo incluindo o coração. Mas o que faz com que eu seleccione algumas informações em detrimento de outras? Porque é que a memória é selectiva?
Porque é que eu me lembro tão bem do sonho que estava a ter no momento em que um relâmpago fez desabar a cúpula da Igreja (curiosamente chamada Igreja da Memória) que ficava ao lado da rua onde eu morava aos dezasseis anos?
Porque não consigo esquecer o cheiro do chão lavado do edifício onde trabalhei há mais de oito anos?
Há muitos detalhes interessantes na produção da memória. Li recentemente que de cada vez que recordamos algo do passado, essa memória ao ser novamente armazenada não permanece igual. Como se tivéssemos tirado uma blusa de uma gaveta e depois ao arruma-la já não a conseguíssemos dobrar de modo perfeito. Ao voltar a mexer na mesma blusa ela ficaria mais amarrotada, e por isso diferente.
Já me tinha espantado ao verificar que pessoas que testemunharam comigo um evento tivessem descrições do mesmo, diferentes da minha.
Talvez por isso haja dias felizes que me sejam impossíveis de recordar. Algum mecanismo inconsciente quer preservar essa memória inalterável.
Um dia alguém haveria de inventar uma espécie de “conservador de memórias”. Um tipo de “luvas mentais” que permitam abrir as nossas gavetas do “sótão”, com muito cuidado, e recordar, sem danificar, as nossas imagens, ficando disponíveis para serem revisitadas.
Saber de cor parece insinuar que ter uma informação que nos é dada pelo coração. É algo tão marcado, tão importante que está intimamente relacionado com os nossos sentimentos e por isso não se esquece.
No fundo sabemos que a memória está no cérebro. É este órgão que comanda tudo incluindo o coração. Mas o que faz com que eu seleccione algumas informações em detrimento de outras? Porque é que a memória é selectiva?
Porque é que eu me lembro tão bem do sonho que estava a ter no momento em que um relâmpago fez desabar a cúpula da Igreja (curiosamente chamada Igreja da Memória) que ficava ao lado da rua onde eu morava aos dezasseis anos?
Porque não consigo esquecer o cheiro do chão lavado do edifício onde trabalhei há mais de oito anos?
Há muitos detalhes interessantes na produção da memória. Li recentemente que de cada vez que recordamos algo do passado, essa memória ao ser novamente armazenada não permanece igual. Como se tivéssemos tirado uma blusa de uma gaveta e depois ao arruma-la já não a conseguíssemos dobrar de modo perfeito. Ao voltar a mexer na mesma blusa ela ficaria mais amarrotada, e por isso diferente.
Já me tinha espantado ao verificar que pessoas que testemunharam comigo um evento tivessem descrições do mesmo, diferentes da minha.
Talvez por isso haja dias felizes que me sejam impossíveis de recordar. Algum mecanismo inconsciente quer preservar essa memória inalterável.
Um dia alguém haveria de inventar uma espécie de “conservador de memórias”. Um tipo de “luvas mentais” que permitam abrir as nossas gavetas do “sótão”, com muito cuidado, e recordar, sem danificar, as nossas imagens, ficando disponíveis para serem revisitadas.