CAFÉ ESPRESSO OU EXPRESSO?
Lendo a crônica “Conjunto Nacional” de Tony Bellotto, escritor e guitarrista do conjunto Titãs, veio-me a mente o prazer e a importância do café. Nascido e criado no piemonte da chapada diamantina em aprazível interior da Bahia, sua expansão acompanhei por toda a região, isso nos idos dos anos 1960 e 1970, além de consumi-lo diariamente pela manhã e à noite em razoável quantidade, leite adicionado, o que faço até hoje.
A planta de café é originária da Etiópia, centro da África, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. A Arábia foi responsável pela propagação da cultura do café. O nome café não é originário da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no século XIV. Foi por meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil, mais precisamente em Belém, em 1727. Desta maneira, o segredo dos árabes se espalhou por todos os cantos do mundo. Devido às nossas condições climáticas, o cultivo de café se espalhou rapidamente, com produção voltada para o mercado doméstico. Por quase um século, o café foi a grande riqueza brasileira, e as divisas geradas pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas relações internacionais de comércio. O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe média, a diversificação de investimentos e até mesmo intensificou movimentos culturais. Como a busca pela região ideal para a cultura do café cobriu todo o país, além do Sul e Sudeste, a Bahia se firmou como pólo produtor no Nordeste e Rondônia na região Norte. A partir de então o café e o povo brasileiro passam a ser indissociáveis.
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo, apesar de alguns preconceitos. Entretanto, tomar um “cafezinho” em doses moderadas pode trazer à saúde mais benefícios que o simples prazer de degustar a tradicional bebida. O café é uma bebida rica em minerais, contém vitamina B, ácidos clorogênicos, antioxidantes naturais, nutrientes que ajudam a prevenir a depressão e suas consequências. A bebida ainda reduz o colesterol, auxilia no combate de doenças coronárias, no processo de emagrecimento e na prevenção de diabetes e alguns tipos de câncer, como o de cólon e o do reto. A recomendação dos especialistas é de um consumo entre 3 e 4 xícaras diárias (cerca de 500 mg de cafeína), o que estimula a atenção, concentração, memória e o aprendizado escolar.
No final de sua crônica, Tony Bellotto comenta que parou para tomar um ”espresso”. Não seria expresso? Segundo o professor Pasquale Cipro Neto, a palavra “espresso” é de origem italiana e deve ser utilizada por lá. Aqui, é café expresso, com ”x”, como começa o belíssimo poema “Café Expresso”, escrito na década de 50 pelo grande poeta paulista Cassiano Ricardo (1895-1974).
Hoje em dia tem café de alta qualidade sendo colhido na chapada, mais precisamente na cidade de Piatã, na Bahia, e sua saca de 60 quilos vendida a quase € 3.000,00 euros. O café continua hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e é, sem dúvida, o mais brasileiro de todos. Hoje em dia o país é o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto. Logo, vamos tomar um cafezinho? Expresso, por favor!