Em tudo o que fazemos nesta vida sempre haverá de começar pela primeira vez.

EM TUDO O QUE FAZEMOS NESTA VIDA SEMPRE HAVERÁ DE COMEÇAR PELA PRIMEIRA VEZ.

(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA:

Em Mogi das Cruzes, São Paulo, existe um jornal de grande circulação, chamado “O Diário” que abrande várias cidades, como Suzano, Estudantes e Ferraz de Vasconcelos, entre outras. Numa de suas edições, ou mais precisamente no dia 6 de abril deste ano, na coluna “Caderno A”, do meu amigo e companheiro Chico Ornellas, grande jornalista e também membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, ele fez publicar, a preciosidade que abaixo faço transcrever, na íntegra. Tive o cuidado de mandar para o Ornellas um e-mail indagando se o texto era de sua lavra, ou não, e, se a resposta fosse negativa, se o prezado saberia declinar o nome do verdadeiro autor. Mas o meu amigo Chico, ocupado, como sempre, não me respondeu. Uma pena. Dessa forma, como achei o conteúdo do trabalho muito interessante e, mais que isso, de profundo cunho psicológico, resolvi publicar, até porque, além da simplicidade contida no texto, ele se torna denso e ao mesmo tempo meditativo. Nos leva a parar e a refletir um pouco mais sobre a nossa primeira vez. Em tudo o que fazemos, nessa vida, há sempre a primeira vez. Me perdoe, velho Chico, se não esperei por sua autorização; mil desculpas por não ter insistido com você, num outro e-mail, ou telefonado para a redação. Quero que entenda que o texto me tocou tão dentro da alma, que resolvi correr, pela primeira vez, o risco do colega brigar comigo pela primeira vez; zangar comigo pela primeira vez; me processar pela primeira vez; enfim, pela primeira vez; acho que o meu público, como o seu, tem o direito de compartilhar de momentos bons, de palavras lindas e alentadoras, como as contidas nesse trabalho. Mande notícias, meu velho. Ai vai, portanto, amigo Chico, em sua homenagem, e em nome da nossa amizade, o magnânimo e literalmente perfeito “QUAL A ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ FEZ ALGO PELA PRIMEIRA VEZ?”. Em especial dedico a todos os meus leitores.

Eu nasci pela primeira vez...

Eu falei pela primeira vez, eu andei pela primeira vez, eu corri pela primeira vez; eu caí pela primeira vez; eu namorei pela primeira vez; eu casei pela primeira vez; eu briguei pela primeira vez; eu beijei pela primeira vez; eu assinei um cheque pela primeira vez; eu tive um cheque recusado pela primeira vez; eu tive um titulo protestado pela primeira vez; eu tive um amigo importante pela primeira vez; eu fui importante por um minuto pela primeira vez; eu comprei a credito na Casa Bahia pela primeira vez; eu viajei de avião pela primeira vez; eu fui de subúrbio para São Paulo pela primeira vez; eu subi ao topo do Empire State Building pela primeira vez; eu vi as luzes de Paris pela primeira vez; eu assisti a um show da Brodway pela primeira vez; eu fui ao Museu do Ipiranga pela primeira vez; eu cumprimentei Pietro Maria Bardi pela primeira vez; eu votei em Junji Abe pela primeira vez; eu fumei um cigarro pela primeira vez; eu me apaixonei pela primeira vez; eu recebi um salário pela primeira vez; eu fui demitido pela primeira vez; eu fui promovido pela primeira vez; eu andei de bicicleta pela primeira vez; eu atravessei o Atlântico pela primeira vez; eu paguei um sepultamento pela primeira vez; eu assinei um jornal pela primeira vez; eu tive uma relação sexual pela primeira vez; eu atravessei o Canal da Mancha de trem pela primeira vez; eu andei nas balsas do Guarujá pela primeira vez; eu fui a Niterói de balsa pela primeira vez; eu xinguei o programa do Faustão pela primeira vez; eu assisti “E o Vento Levou” pela primeira vez; eu dirigi um carro pela primeira vez; eu levei uma multa pela primeira vez; eu desobedeci meu pai pela primeira vez; eu fui ao cinema pela primeira vez; eu fui ao teatro pela primeira vez; eu fui a zona pela primeira vez; eu assisti a um strip tease pela primeira vez; eu comi um Bife Esquisito pela primeira vez; eu tomei um porre pela primeira vez; eu fui à praia pela primeira vez; eu vi o mar pela primeira vez; eu namorei em Paquetá pela primeira vez; eu visitei a Cruz do Século pela primeira vez; eu fui a Sabaúna pela primeira vez; eu dancei ao som de Conniff pela primeira vez; eu cantei uma música de Chico Buarque pela primeira vez; eu assobiei o tema de “A Ponte do Rio Kwai” pela primeira vez; eu desfilei em uma escola de samba pela primeira vez; eu subi no Pão de Açúcar pela primeira vez; eu tomei uma caipirinha pela primeira vez; eu torci pelo Corinthians pela primeira vez; eu decidir torcer pelo Corinthians pela primeira vez; eu iniciei um regime pela primeira vez; eu parei de fumar pela primeira vez; eu briguei com um filho pela primeira vez; eu tive uma diarréia no aniversário do sogro pela primeira vez; eu passei de ano pela primeira vez; eu fui reprovado pela primeira vez; eu entrei na faculdade pela primeira vez; eu tive meu emprego pela primeira vez; eu perdi uma namorada pela primeira vez; eu discuti no trânsito pela primeira vez; eu comemorei a vitória do Brasil na Copa do Mundo pela primeira vez; eu chorei a derrota do Brasil na Copa do Mundo pela primeira vez; eu dormi em Roma pela primeira vez; eu acordei em Venesa pela primeira vez; eu tomei cerveja em frente a Catedral de Colonia pela primeira vez; eu comunguei pela primeira vez; eu rezei por São Longuinho pela primeira vez; eu fiz xixi no Hyde Park em Londres pela primeira vez; eu acertei meu relógio pelo Big Bem pela primeira vez; eu torci numa Braz-Col pela primeira vez; eu sai na fanfarra do Liceu Braz Cubas pela primeira vez; eu arranquei um dente pela primeira vez; eu colei na prova de matemática pela primeira vez; eu tomei um uísque sem gelo no La Lícornepela primeira vez; eu reclamei da cerveja quente na Sula pela primeira vez; eu saí na coluna do Mutso Yozhizawa pela primeira vez; eu paguei entrada inteira no cinema pela primeira vez; eu paguei meia entrada de idoso no teatro pela primeira vez; eu marquei encontro na porta do Mappin pela primeira vez; eu fiquei sabendo que papai Noel não existe pela primeira vez; eu acordei domingo pensando que era segunda feira pela primeira vez; eu sonhei que era neozelandez pela primeira vez; eu tomei vacina no consultório do doutor Zenon pela primeira vez; eu peguei uma gripe pela primeira vez; eu tive dor de cabeça pela primeira vez; eu fiquei devendo na padaria pela primeira vez; eu engasguei com espinho de peixe pela primeira vez; eu dei topada na calçada pela primeira vez; eu martelei o dedo pela primeira vez; eu comi caviar pela primeira vez; eu comunguei em Aparecida pela primeira vez; eu bati com a cabeça no poste pela primeira vez; eu comprei um carro pela primeira vez; eu paguei a conta do restaurante pela primeira vez; eu fui hospede do Copacabana Palace pela primeira vez; eu pesquei no Rio Paraguai pela primeira vez; eu pulei no rancho do Náutico pela primeira vez; eu chamei o Carlito de “ceguinho” pela primeira vez; eu confessei com o padre Roque pela primeira vez; eu troquei pneu de meu carro pela primeira vez; eu vendi um carro pela primeira vez; eu sujei na cueca pela primeira vez; eu passei pelo Cemitério de Paraibuna pela primeira vez; eu dormi no Hotel Binder pela primeira vez; eu fui de trem para Aquidauana pela primeira vez; eu subi na cabeça da Estátua da Liberdade pela primeira vez; eu arrematei um boné em um leilão de Wichita pela primeira vez; eu namorei no trem de Madri a Paris pela primeira vez; eu fui pai pela primeira vez; eu fui avô pela primeira vez.

Eu morri pela primeira vez...

(*) Aparecido Raimundo de Souza, 57 anos é jornalista

Aparecidoescritor
Enviado por Aparecidoescritor em 25/05/2010
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T2277853
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