Internem-me, por favor!

Internem-me, por favor!

Os valores,hoje em dia, estão muito mudados. De repente o honesto é otário e o esperto é aquele que só quer se dar bem. Nessa mixórdia a vitima pode virar réu e o malfeitor, tendo um belo defensor, se torna o “coitadinho da situação”. Penso, que houve um tempo, que policia era sinônimo de segurança e ladrão era pra roubar. Hoje a diferença está na farda. Ter peito era enfrentar a vida e seus percalços, mas com o passar do tempo é mostrar uma nova maravilha da cirurgia plástica; tudo isso pra servir a sedução.

Dizer eu te amo era declaração de amor, na pressa da vida ficou démodé (como esse termo que usei); convidar a namorada pra ir ao cinema era o máximo, pegar na mão nem diga e um beijinho, hum, hum. Mas, a modernidade tirou o romantismo e apressou a cama. Coitado dos poetas! Hoje, teriam que achar rimas pra esse tal de “ficar”. Namorar tá ultrapassado, o bom mesmo é transar por transar; depois as pessoas se conhecem e se apresentam. Respeitar o próximo era saber onde começam os seus direitos, no momento, é invadir os deveres e cobrar taxas pela falta de ética. Estudar nos garantia um futuro, com o retrocesso da cultura, um vá pra p... q par... é o resultado da nossa falta de educação.

Ter amigos era ser um sujeito de bem, porém, há mudanças e poucos conhecem e cumprimentam o seu vizinho. Oferecer rosas era um galanteio; declamar poemas, romantismo. Mas já passou, idiota é o adjetivo que se recebe; e são as próprias mulheres que propagam. Ter sonhos era viajar no fascínio da lua e das estrelas, hoje é caretice; o bom mesmo é fazer a cabeça com alucinógenos. tomar uma cerveja com amigos, era dividir alegrias. Que amigos? Hoje a vida nos oferece sócios e rezemos para serem retos e probos. Um bom programa era curtir a família nos fins de semana, em alguns instantes estão confabulando a morte de um parente próximo; tudo isso só para herdar alguns miúdos. Rezar era conversar com Deus, hoje, é enganá-lo para cometer mais pecados e ser absolvido. Depois, dessa mudança toda, eu sei que lucidez será confundida com loucura, por isso, sou doido de internação. Internem-me, por favor, eu estou cantando a vida.

MÁRIO PATERNOSTRO