INCERTEZAS

INCERTEZAS

Recordo-me dos meus vinte anos. Onde havia sonhos e certezas.

Eu acreditava piamente que poderia mudar o mundo. Que faria a diferença, que tudo poderia...

Eu acreditava que o mundo estava como estava, por incompetência dos antigos. Que tinham idéias retrógradas, faltava-lhe uma visão contemporânea e o vigor para pôr em prática as idéias inovadoras.

Acreditava que os amigos eram para sempre. E que saúde e vigor físico eram eternos. Era só uma questão de atitude mental.

Brincava com o tempo, como quem brinca de namorar. Vivia nas noitadas, ignorando os meus dias. Eu brinquei com o tempo, que escorreu pelos dedos. Foram tantos os projetos que caíram no vazio...

Alimentei tantos sonhos que caíram por terra.

Ainda ontem, eu tinha vinte anos... Desperdiçava o tempo acreditando poder fazê-lo parar. Criticava o mundo com perícia, julgando que poderia fazer melhor. Ignorava o passado, que conduz ao futuro.

Desperdicei meu tempo a cometer loucuras. E nada é realmente concreto, além de algumas rugas na face e o medo do tédio.

Meus amores morreram mesmo antes de existir...

E por minha culpa, meus amigos partiram e não mais voltarão...

Gastei minha vida, criando o vazio em torno de mim...

Desperdicei meus anos de juventude... Do melhor e do pior...

Descartando o melhor, imobilizei meus sorrisos e congelei os meus choros...

Onde estão agora, os meus vinte anos?

Naioton
Enviado por Naioton em 24/05/2010
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