O Que vem a Ser a Crônica?
O que vem a ser, na verdade, uma crônica? Meu espírito se inquieta ante a necessidade de transpor para o papel o que capta minha observação e, minha alma, inocente e solitária, não consegue encontrar respostas a tantas dúvidas. Incapaz de descobrir sozinho a chave do dilema, pretendo dividir com os meus leitores esta árdua mas gratificante tarefa de desvendar alguns dos enigmas que o contato com a realidade impõe ao nosso cotidiano. Sondando o trabalho de alguns adeptos desta riquíssima forma de narrativa que vem a ser a crônica, comecei, sem que disso me apercebesse, a cultivar uma paixão que, insidiosamente, me arrebatou por completo. Acostumado à obra de ficção, passando pela poesia, após incursões em alguns trabalhos de cunho didático, começo a ver na crônica a oportunidade de abrir o coração para as coisas do mundo, analisá-las e opinar sobre elas. Longe da crítica pura e simples, o que mais quero é sugerir sem malbaratar, discordar sem humilhar e contribuir, acrescentando.
O mundo está carente. É o que percebo quando tento por em prática um décimo da psicologia que herdei daqueles que me geraram e que não viram sacrifício em colocar-me no caminho do bem. Difícil é não ser saudosista quando se olha para trás e se descobre amado. É onde a gratidão não cabe dentro do peito. Saber-se feliz por ter conhecido o amor. Acho que acabei de encontrar a melhor definição para aquela indagação inicial. Sinônimo de crônica é vida. Não importam os conceitos literários. Pegando ou não na caneta, cada qual escreve o que viveu, seja no papel, com tinta ou no dia a dia, com amor. Amo escrever. Sinto no sangue o culminar da verve. A paixão por essa coisa mágica e cativante que vem a ser a literatura me acompanha e me faz feliz. Gosto de expressar em palavras escritas o que outros fazem de forma distinta. Não importa, cada ser é o artífice da própria criação. Pode haver vida ou não na crônica, mas nunca cessará de existir crônica na vida de todo e qualquer ser humano.