"Seria cômico se não fosse trágico"
“Seria cômico se não fosse trágico”
Mª Gomes de Almeida
Em uma dessas viagens, entre tantas outras em Teresina, alguém relata apenas uma das diversas e incontáveis aventuras que ocorrem nos quase 900km que separa o sul do Pará da capital do Piauí.
Por ser uma viagem que praticamente corta o Maranhão de ponta a ponta, as pessoas se previnem das mais diversas formas.
E foi então em uma determinada altura desse estado, o ônibus foi abordado por meliantes para assalto: revólver na cabeça do "motora", tiram o ônibus para fora da estrada, põem todos os passageiros para fora do carro; “Todos tirem a roupa”! Ordena um dos bandidos.
E em meio ao corre-corre e estresse que a situação impõe: crianças e mães desesperadas! Enfim...
Os homens percebem que em meio a toda aquela situação esta uma velhinha de seus setenta e tantos anos que em meio aquela confusão, tranquilamente tomou sua lata de farofa e começou a comê-la como se nada tivesse ocorrendo.
Os larápios roubaram o que puderam e o que não puderam: celulares, câmaras digitais, dinheiro, anéis...
Já no final da ação ao perceber a velhinha ocupada com sua farofa um indagou: “E essa velhinha”?
O comparsa o repreendeu: “Deixa a velha comer sua farofa em paz!”
O outro não conformado disse: “Até que tô com fome! vou levar essa farofa para comer mais adiante”!
Carregou a farofa da velhinha.
A partir de então se sucederam todas as tentativas possíveis de se continuar a viagem , e na primeira cidade que chegaram já na rodoviária e em meio a também tentativa de contabilizar o prejuízo a velhinha comentou indignada: “Ladrões safados roubaram a minha farofa e todo o meu dinheiro que tava escondido no fundo da lata!”