Medo
Águida Hettwer
 
 
 
Tenho medo. De descobri que já sou adulta, responsável, carregando nos ombros afeições que não são minhas. Não fui leitora e conhecedora de grandes obras da humanidade, para extrair lições de vida. Leio o que gosto e me interessa o básico do básico. Aprecio a filosofia da vida, onde ela ensina, mesmo parecendo com “cara de poucos amigos”.
 
 
   Ah! Tenho tanto medo. De não perder a cabeça por um grande amor, de viver no marasmo, de não cometer nenhum erro, de passar a limpo as palavras. Ser imaculada, sem graça e nexo. De neurótica contar os fios de cabelo branco, de cara limpa sem rugas e choro por uma boa causa.
 
 
 Arrepia-me de medo! De não esconder nenhum segredo. Ser um livro aberto, em páginas brancas, sem nenhuma façanha para contar. Fazer planos de começar um regime e desistir dele no meio da semana. Rir do que não tem graça e achar a maior graça.
 
 
 Tenho medo de ser lúcida demais, e perder a carona na garupa do vento. De ter um rosto sem traços do tempo, mergulhada no superficialismo. Visando experimentar o desconhecido, o novo, mesclando sabores, tons e matizes.
 
 
 Sobretudo, o que tenho medo é além de mim. Não espero um milagre ou grande acontecimento. Na vida espero envelhecer com minhas memórias e lembranças, fazer da palavra a minha arma e meu escudo, do papel, o meu berço e diário confidencial.
 
   Minh´alma entregue ao amor. Fonte primordial de minhas inspirações.
 
 
24.05.2010