Prazer em Ler (EC)
O Encanto das Letras aniversaria em maio com o desafio de escrevermos sobre a nossa experiência de participação nos Exercícios Criativos (EC).
Apesar de ser o desafio literário sobre a escrita, é sobre o que vem antes dela que quero falar. É evidente que quem gosta de escrever ama a leitura. Llosa, questionado “se é possível pensar o mundo moderno sem o romance?"(*) cita a coletiva concedida por Bill Gates para a Real Academia Espanhola, em Madri, quando o dono da Microsoft disse que espera não morrer sem antes realizar seu maior sonho: acabar com o papel e, pois, com os livros.
Não é para deixar grandes escritores como Mario Vargas Llosa sem o seu ganha-pão. O “infomaníaco” justifica que livros custam mais, ocupam espaço desnecessário, são difíceis de transportar, cabem informações de menos e ainda contribuem para a devastação dos bosques. As pessoas continuariam a ler, continua Bill Gates, mas na tela. Que nem nós fazemos aqui no Recanto das Letras. Com isto haveria mais clorofila no ambiente.
Até eu que, embora não me julgue naturalista, sempre defendo o ambiente e tomo medidas diárias para isto, não consigo suportar a idéia de não poder sentar numa poltrona de leitura e em silêncio sentir o cheiro do livro novo (tal como o citado acima*, organizado por Franco Moretti, "A cultura do romance"), deliciosamente impresso, bisbilhotar o que é dito sobre a vida do autor, os agradecimentos, o resumo na “orelha” que às vezes é mais empolgante que a história, e por aí vai todo o encanto e sabor que há nestes companheiros de infância.
Não é que eu nunca tenha pensado no custo para a natureza quando vejo árvores enfeitando inutilmente as estantes. Para os livros, assim como para fabricação de móveis e outros objetos, há plantio o ecologicamente sustentável. Também nada tenho contra a informática, mas leitura em computador só a de pequenos textos, além das nem sempre confiáveis pesquisas, da comunicação mais econômica com pessoas de qualquer lugar do mundo e outras tantas possibilidades deste maravilhoso mundo de fim e início de milênio.
Desde o tempo em que se queimavam livros, nada é mais assustador para os amantes das boas letras. Certamente que foi uma fala bem intencionada, mas infeliz do ponto de vista do prazer em ler.
Se o sonho de Bill Gates é não morrer sem ter realizado o seu maior projeto, que é acabar com o papel, o meu é que Deus nos proteja de ter olhos para ler num mundo sem livros. E você o que está esperando? Corra para ler enquanto há livros.
Parabéns aos escritores do Encanto das Letras!
Este texto faz parte do Exercício Criativo
de Primeiro Aniversário do Encanto das Letras
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/umano.htm
Imagem do google
O Encanto das Letras aniversaria em maio com o desafio de escrevermos sobre a nossa experiência de participação nos Exercícios Criativos (EC).
Apesar de ser o desafio literário sobre a escrita, é sobre o que vem antes dela que quero falar. É evidente que quem gosta de escrever ama a leitura. Llosa, questionado “se é possível pensar o mundo moderno sem o romance?"(*) cita a coletiva concedida por Bill Gates para a Real Academia Espanhola, em Madri, quando o dono da Microsoft disse que espera não morrer sem antes realizar seu maior sonho: acabar com o papel e, pois, com os livros.
Não é para deixar grandes escritores como Mario Vargas Llosa sem o seu ganha-pão. O “infomaníaco” justifica que livros custam mais, ocupam espaço desnecessário, são difíceis de transportar, cabem informações de menos e ainda contribuem para a devastação dos bosques. As pessoas continuariam a ler, continua Bill Gates, mas na tela. Que nem nós fazemos aqui no Recanto das Letras. Com isto haveria mais clorofila no ambiente.
Até eu que, embora não me julgue naturalista, sempre defendo o ambiente e tomo medidas diárias para isto, não consigo suportar a idéia de não poder sentar numa poltrona de leitura e em silêncio sentir o cheiro do livro novo (tal como o citado acima*, organizado por Franco Moretti, "A cultura do romance"), deliciosamente impresso, bisbilhotar o que é dito sobre a vida do autor, os agradecimentos, o resumo na “orelha” que às vezes é mais empolgante que a história, e por aí vai todo o encanto e sabor que há nestes companheiros de infância.
Não é que eu nunca tenha pensado no custo para a natureza quando vejo árvores enfeitando inutilmente as estantes. Para os livros, assim como para fabricação de móveis e outros objetos, há plantio o ecologicamente sustentável. Também nada tenho contra a informática, mas leitura em computador só a de pequenos textos, além das nem sempre confiáveis pesquisas, da comunicação mais econômica com pessoas de qualquer lugar do mundo e outras tantas possibilidades deste maravilhoso mundo de fim e início de milênio.
Desde o tempo em que se queimavam livros, nada é mais assustador para os amantes das boas letras. Certamente que foi uma fala bem intencionada, mas infeliz do ponto de vista do prazer em ler.
Se o sonho de Bill Gates é não morrer sem ter realizado o seu maior projeto, que é acabar com o papel, o meu é que Deus nos proteja de ter olhos para ler num mundo sem livros. E você o que está esperando? Corra para ler enquanto há livros.
Parabéns aos escritores do Encanto das Letras!
Este texto faz parte do Exercício Criativo
de Primeiro Aniversário do Encanto das Letras
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/umano.htm
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